Enéada VI, 3, 25 — As espécies de movimento: associação, dissociação e alteração
– E quanto à associação e à dissociação? São movimentos diferentes daqueles de que acabamos de falar, geração, corrupção, crescimento e decrescimento, movimento local e alteração? Devemos reduzi-los a esses movimentos, ou devemos considerar apenas alguns deles como associações e dissociações? – Pois bem, então, se a associação implica o deslocamento de uma coisa para outra e sua aproximação, e se inversamente a dissociação implica a retirada de uma coisa em relação a outra, pode-se dizer que são movimentos locais, fazendo valer que se trata de duas coisas que se movem para formar uma só ou que se afastam uma da outra. – Mas se eles querem falar de uma fusão, de uma combinação ou de uma liga, isto é, de uma associação tendendo a constituir uma coisa a partir de outra, de uma associação, digo, em processo de produção e não de uma associação que já se produziu, a quais dos movimentos de que se falou podemos reduzir esses? – O processo começará por um movimento local, mas será outro movimento que virá em seguida; por exemplo, no caso do crescimento, é um movimento local que marca o início, mas é um movimento quantitativo que vem em seguida. Nesse caso preciso, é o movimento local que está no ponto de partida, mas não se segue necessariamente que haja associação ou dissociação. Na realidade, há associação quando há união entre as coisas que se encontram, dissociação quando as coisas que constituem um conjunto se separam; e muitas vezes, o movimento local segue a dissociação ou ocorre ao mesmo tempo que ela. É preciso considerar que a afeição que as coisas que se dissociam sofrem é uma coisa, que não é um movimento local, e que é outra afeição, a combinação, que as coisas que se associam sofrem, sendo o movimento local outro elemento que acompanha esse processo. – Devemos então, por um lado, postular que esses movimentos existem em si mesmos, e, por outro, reduzir a eles a alteração? Pois quando uma coisa se torna densa, há alteração, o que equivale a dizer que ela «se associa». Ao contrário, quando uma coisa se rarefaz, há alteração, o que equivale a dizer que ela se dissocia. E quando o vinho e a água se misturam, cada um dos dois componentes se torna outro que o que era antes. E isso é uma associação que produziu uma alteração. – Nesse caso também, é preciso sustentar que são associações e dissociações que acarretam alterações, e que estas são diferentes da associação e da dissociação. Não se deve, de fato, sustentar nem que as outras alterações são tais, nem que a condensação e a rarefação são de forma geral uma associação e uma dissociação, nem que elas provêm de uma associação e de uma dissociação. Se assim fosse, seria preciso admitir a existência do vazio. – Mas o que dizer do preto e do branco? – Se se introduz a dúvida sobre esse ponto, primeiro se destroem as cores e sem dúvida as qualidades, a maioria em todo caso, senão todas. Pois se se diz que toda alteração, que chamamos «mudança segundo a qualidade», é uma associação ou uma dissociação, o resultado não será de forma alguma uma qualidade, mas apenas partes aproximadas uma da outra ou afastadas. Além disso, como explicar que aprender e instruir-se são associações?
