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Luz (Ficino, 1476) – Descrição da luz visível.

Quid sit lumen (Ficino, 1476)

GRAÇAS a esses conselhos, elevava-me do mais baixo onde havia caído para as alturas de meu corpo, a fim de receber ali uma luz em todas as coisas mais leve e mais elevada. Pois bem, avante, olhos luminosos! Em nome dessa luz que nos encanta sozinha e mais que tudo, conjuro-vos, indicai à razão, vossa rainha, o que é a luz. E a esplêndida visão responde imediatamente: “Eu, sou espírito, sou esplendor espiritual. E já que é precisamente meu papel que me perguntas, é com grande prazer que o exponho: a luz é uma emanação de certo modo espiritual, súbita e muito estendida dos corpos, cuja natureza não altera. É emanação de uma luz brilhante para os corpos diáfanos, ou seja, transparentes, emanação da cor para os corpos que lhe fazem obstáculo, e enfim, para todos os corpos, emanação da quantidade, da figura e do movimento. Reúne num só todos os gêneros de cores: o que será esse conjunto, senão uma luz de todas as cores, ou então uma luz feita na matéria mais sólida e mais obscura da terra, e por conseguinte opaca? Separa-a da terra que lhe está misturada: o que restará, senão uma qualidade, ou mais precisamente a claridade e o ato da transparência, assim como a cor é o ato da opacidade? Pois a cor é uma luz opaca e a luz uma cor clara, ou antes uma espécie de flor e brilho do corpo transparente e das cores que, por assim dizer de uma só cor em ato, é de todas as cores em potência.”

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