Teologia Platônica da Imortalidade da Alma (Ficino)
FICINO, M. Théologie platonicienne de l’immortalité des âmes. Raymond Marcel. Paris: Les Belles Lettres, 1964
LIVRO PRIMEIRO: O Primeiro Livro leva a Deus
Cap. I — Se a alma não fosse imortal, o homem seria a mais infeliz das criaturas Cap. II — O corpo por natureza não faz nada Cap. III — Acima da forma dividida no corpo, existe uma forma indivisível: a alma Cap. IV — A alma racional é imóvel pela sua substância, móvel pela sua operação, parcialmente imóvel e parcialmente móvel pelo seu poder. Cap. V — Acima da alma mutável está o anjo imutável Cap. VI — Acima do anjo está Deus, porque a alma é uma multiplicidade móvel, o anjo uma multiplicidade imóvel, Deus a unidade imóvel
LIVRO DOIS: O Livro Dois trata do Deus previamente encontrado.
Cap. I — Unidade, Verdade, Bondade são a mesma coisa e não há nada acima Cap. II — Não existem vários deuses iguais entre si Cap. III — Não existem vários deuses, infinitamente superiores entre si Cap. IV — O poder de Deus é infinito Cap. V — Deus é sempre Cap. VI — Deus está em toda parte Cap. VII — Deus move e preserva todas as coisas, opera tudo em tudo Cap. VIII — É através do seu ser que Deus faz tudo o que faz Cap. IX — Deus se compreende primeiro; ele também entende cada coisa em particular Cap. X — Deus entende o infinito Cap. XI — Deus é dotado de vontade e é através dela que opera fora de si mesmo Cap. XII — A vontade de Deus é ao mesmo tempo necessária e livre e atua livremente Cap. XIII — Deus ama e cuida de suas criaturas
LIVRO TRÊS: O terceiro livro nos afasta de Deus e compara os diferentes graus do ser em relação ao seu grau intermediário e este grau em relação aos outros.
Cap. I — Descida pelos cinco graus pelos quais foi feita a subida. Comparação desses graus entre si Cap. II — A alma é o grau intermediário dos seres; estabelece um elo de unidade entre todos os graus superiores e inferiores, subindo em direção aos graus superiores e descendo em direção aos graus inferiores
LIVRO QUATRO: O quarto livro subdivide o grau intermediário do ser, isto é, a alma, em suas espécies.
Cap. I — As almas razoáveis são divididas em três graus: o primeiro, o da alma do mundo, o segundo, o da alma das esferas, o terceiro, o das almas dos seres vivos contidos em cada uma dessas esferas. Cap. II — As almas das esferas dão movimento às esferas seguindo uma lei fatal e esse movimento é circular, porque elas próprias são círculos
LIVRO QUINTO: O quinto livro trata da imortalidade da alma por meio de argumentos comuns.
Cap. I — Toda alma razoável é imortal. Primeira razão: ele se move sozinho e em movimento circular Cap. II — Segunda razão. Toda alma razoável permanece estável em sua substância Cap. III — Terceira razão. Toda alma razoável adere ao divino Cap. IV — Quarta razão. Toda alma razoável domina a matéria Cap. V — Quinta razão. Toda alma razoável é independente da matéria Cap. VI — Sexta razão. Toda alma razoável é indivisível Cap. VII — Sétima razão. Toda alma razoável tem sua existência em sua essência Cap. VIII — Oitavo motivo. Cada alma razoável tem sua própria existência e nunca se desvia de sua forma Cap. IX — Nona razão. É apropriado que toda alma razoável exista por si mesma Cap. X — Toda alma razoável por si só se refere a Deus Cap. XI — Décima primeira razão. A alma racional não é composta de um poder no qual possa se dissolver. Cap. XII — Décima segunda razão. A alma racional não tem poder em si mesma para o não-ser Cap. XIII — Décima terceira razão. Toda alma razoável recebe o ser de Deus, sem intermediário Cap. XIV — Décima quarta razão. Por si só, toda alma razoável é vida Cap. XV — Décima quinta razão. A vida da alma racional é maior que a do corpo
LIVRO SEIS: O sexto livro trata da imortalidade por argumentos particulares. A sua vida vegetativa prova que é indivisível.
Cap. I — As opiniões sobre a alma resumem-se a cinco principais. Cap. II — São filósofos comuns que, sem convicção fundamentada, mas vítimas de um hábito fatal, afirmaram que a alma é um corpo Cap. III — A alma não é um corpo nem uma forma dividida em um corpo, como prova o poder natural da alma. Cap. IV — Primeira razão. A alma é o princípio da nutrição e de todas as outras operações Cap. V. — Segunda razão. A alma não é um corpo animado nem um corpo inanimado Cap. VI — Terceira razão. A alma não é um corpo denso nem um corpo leve Cap. VII — Quarta razão. Um corpo é composto de matéria e forma Cap. VIII — Quinta razão. Um corpo por natureza é estendido Cap. IX — Sexta razão. Dois corpos não podem estar no mesmo lugar Cap. X — Um corpo não está inteiro em vários ao mesmo tempo Cap. XI — Oitavo motivo. A alma é vida ou fonte de vida Cap. XII — Nona razão. Um corpo não se move sozinho Cap. XIII — O crescimento da alma é independente do desenvolvimento do corpo
LIVRO SÉTIMO: Sua vida sensível prova que a alma é indivisível.
Cap. I — A alma não é um corpo, nem uma forma dividida em um corpo, nem um ponto de tal forma. É uma forma completa em cada parte do corpo, como comprovado pelo seu poder sensível. Primeira razão. O corpo não captura imagens sensíveis Cap. II — Segunda razão. Os cinco sentidos devem convergir para um único centro Cap. III — Terceira razão. Quanto mais reduzido é um sentido, mais penetrante ele é. Cap. IV — Quarta razão. Se o significado for divisível, a imagem sensível nele contida será dividida Cap. V — Quinta razão. A alma sente em todos os lugares Cap. VI — Sexta razão. A alma não sofre necessariamente quando sente Cap. VII — Sétima razão. Provas particulares pelo poder natural e sensível da alma. A alma não é divisível, porque o trabalho de qualidade é um só Cap. VIII — Oitavo motivo. O temperamento atua pelo poder das qualidades Cap. IX — Nona razão. O temperamento é uma forma acidental Cap. X — Décima razão. A harmonia de um temperamento não exerce qualquer ação sobre o corpo Cap. XI — Décima primeira razão. Em todo corpo composto há harmonia Cap. XII — Décima segunda razão. Por harmonia entendemos a composição dos membros ou a razão desta composição Cap. XIII — Décima terceira razão. A harmonia dos humores não compreende nada independentemente da matéria Cap. XIV — Décima quarta razão. Quanto mais acordo houver, mais harmonia haverá. Cap. XV — Décima quinta razão. A harmonia não admite qualquer dissonância
LIVRO OITO: Sua vida intelectual prova que a alma é indivisível e, consequentemente, que é imortal.
Cap. I — A alma é uma forma inteiramente indivisível em toda parte e não se origina da matéria, portanto é imortal, como mostra seu poder de intelecção. Primeira razão. A ascensão da alma ao espírito é feita em quatro graus? Cap. II — Segunda razão. A verdade é alimento para a alma Cap. III — Terceira razão. A virtude da alma, por ser indivisível, não pode ser uma qualidade do corpo Cap. IV — Quarta razão. A espécie e a ideia inteligíveis não podem ser recebidas por um corpo Cap. V — Quinta razão. Se a inteligência é um corpo, ela entende tocando e examinando Cap. VI — Sexta razão. O intelecto recebe o que compreende na sua totalidade; o que ele não faria se fosse corpóreo. Cap. VII — Sétima razão. Ao receber as formas dos objetos, o intelecto não perde as suas próprias; é o oposto para corpos Cap. VIII — Oitavo motivo. Na inteligência a forma é universal. Não pode ser assim em um corpo Cap. IX — Nona razão. As inteligências contêm-se umas às outras; corpos de forma alguma Cap. X — A inteligência opera através de todos os corpos e acima dos corpos Cap. XI — Décima primeira razão. A inteligência melhora no repouso, o corpo em movimento Cap. XII — Décima segunda razão. Os opostos na matéria não são opostos na inteligência Cap. XIII — Décima terceira razão. Ao receber os formulários a inteligência não muda Cap. XIV — Décima quarta razão. A operação do corpo tende ao composto; o da alma simples Cap. XV — Décima quinta razão. A ação da inteligência termina na ação, a ação do corpo no corpo Cap. XVI — Décima sexta razão. A forma corporal não possui poder infinito; inteligência tem um
LIVRO NOVE: Que a alma é imortal, não só porque é indivisível, mas também porque não depende do corpo.
Cap. I. — Prova pelo poder racional não só de que a alma é uma forma indivisível, mas também de que não depende do corpo, para demonstrar mais claramente a sua imortalidade. Primeiro argumento: a inteligência se fecha em si mesma Cap. II. — Segundo argumento: Quanto mais a inteligência estiver separada do corpo, melhor será Cap. III. — Terceiro argumento: A inteligência se opõe ao corpo Cap. IV. — Quarto argumento: A alma age livremente Cap. V. — Quinto argumento: A alma age sem o corpo Cap. VI. — Sexto argumento: A alma concorda em parte com os seres divinos, em parte com os animais Cap. VII. — Objeção dos epicuristas e resposta. Do equilíbrio das coisas
LIVRO DÉCIMO: Que a alma é imortal. Prova pela ordem das coisas.
Cap. I. — Primeiro argumento: Assim como o último na ordem dos corpos é incorruptível, o último na ordem das inteligências Cap. II. — Objeção de Epicuro e resposta: Da sequência das coisas Cap. III. — Segundo argumento: Assim como a ordem natural resulta na primeira matéria imortal, também resulta na forma imortal final Cap. IV. — Objeção de Epicuro e resposta. Formas mais parecidas com Deus Cap. V. — Resposta mais explícita sobre os graus das formas Cap. VI. — Objeção de Lucrécia e resposta. A inteligência pode operar independentemente do corpo Cap. VII. — Objeção de Epicuro e resposta. Deus só cria a alma de si mesmo e por si mesmo Cap. VIII. — Objeção de Panécio e resposta. A alma vem de Deus sem intermediário Cap. IX. — Terceiro argumento: Tal é o objeto, tal é o poder
LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO: Que a alma é imortal na medida em que está unida aos objetos eternos e assim recebe espécies independentes da matéria.
Cap. I. — Primeiro argumento: A inteligência está unida a um objeto eterno. Ela recebe espécies puras e razões eternas Cap. II. — Objeção dos epicuristas e resposta. Sobre a união da inteligência com espécies puras e razões eternas Cap. III. — Objeção de Epicuro e resposta. As espécies são inatas em inteligência Cap. IV. — Confirmação do acima exposto e, além disso, ideias Cap. V. — Confirmação do acima exposto por meio dos sinais Cap. VI. — Segundo argumento: A inteligência é o sujeito da verdade eterna Cap. VII. — Objeção dos Céticos e resposta. Sabemos algo certo Cap. VIII. — Objeção dos Peripatéticos e resposta. Essa verdade tem seu lar especial na alma
LIVRO DOZE: Que a alma é imortal, porque é formada pela inteligência divina.
Cap. I. — Numerosos argumentos e pistas que provam que na intelecção a inteligência humana é informada pela inteligência divina Cap. II. — Primeira pergunta: Sobre a ascensão para Deus. Como a inteligência chega à ideia divina? Cap. III. — Segunda pergunta: Por que neste estado não temos consciência de ver Deus? Cap. IV. — Terceira questão: Como é que Deus nos infunde continuamente esta intelecção? Cap. V. — Primeira confirmação da prova anterior. À vista Cap. VI. — Segunda confirmação. Através da audição, segundo Agostinho Cap. VII. — Terceira confirmação, segundo Agostinho. Por inteligência
LIVRO TREZE: Quatro sinais da imortalidade da alma: Os afetos da fantasia, os afetos da razão, as artes e os milagres.
Cap. I. — Até que ponto a alma comanda os corpos. Demonstração por numerosos sinais e em primeiro lugar pelos afetos da fantasia Cap. II. — Segunda pista: Os afetos da razão:
Os filósofos Os poetas Os sacerdotes Os adivinhos e os profetas Os sete tipos de vazio da alma
Cap. III. — Terceira pista: A prática das artes e do governo. As quatro qualidades do homem nas artes Cap. IV. — Quarta pista: A obra dos milagres Cap. V. — Seis questões sobre milagres e sua solução
LIVRO DÉCIMO QUARTO: Que a alma é imortal, pelo fato de se esforçar para adquirir os doze atributos de Deus.
Cap. I. — A alma aspira tornar-se Deus. Mostramos isso por meio de doze sinais correspondentes aos doze atributos de Deus Cap. II. — Quinto sinal de imortalidade. A alma aspira à primeira verdade e ao primeiro bem Cap. III. — Sexto sinal. A alma tende a se tornar todas as coisas Cap. IV. — Sétimo e oitavo sinais. A alma se esforça para fazer tudo e dominar tudo Cap. V. — Nono e décimo sinais. O homem quer estar em todo lugar e sempre Cap. VI. — Décimo primeiro, décimo segundo, décimo terceiro e décimo quarto sinais. Desejamos adquirir quatro poderes de Deus Cap. VII. — Décimo quinto sinal. A alma cobiça o mais alto grau de riqueza e prazer Cap. VIII. — Décimo sexto sinal. Nós nos adoramos enquanto adoramos a Deus Cap. IX. — O sentimento religioso é, na raça humana, aquilo que, mais do que todos os outros, lhe pertence por direito próprio e é incontestável Cap. X. — Três objeções dos discípulos de Lucrécio e sua solução:
Primeira objeção Segunda objeção Terceira objeção
LIVRO DÉCIMO QUINTO: Solução das objeções de Averroes sobre o intelecto. Cinco perguntas sobre a alma
Cap. I — Primeira questão: não existe um único intelecto para todos os homens? — Não Cap. II — Refutação de Averroes — A inteligência é a forma do corpo. A ordem da natureza mostra isso claramente Cap. III — Como a inteligência entra em contato com o corpo Cap. IV — Como a inteligência está presente no corpo Cap. V — Como está a inteligência no corpo Cap. VI — A inteligência é a forma do corpo. As opiniões e ações humanas deixam isso claro. Primeiro argumento. O homem é um animal razoável Cap. VII — Segundo argumento. O homem entende Cap. VIII — Terceiro argumento. O homem se move livremente Cap. IX. — Quarto argumento. Os poderes da alma às vezes se neutralizam, às vezes se estimulam Cap. A inteligência separada não precisa de fantasia Cap. XI — O intelecto agente e o intelecto possível são um único poder na alma Cap. XII — Resposta aos argumentos de Averroes. De inteligência separada Cli. XIII — Refutação dos argumentos de Averroes. Inteligência única Cap. XIV — Sinais que mostram que não existe uma inteligência única Cap. XV — Razões que provam que a inteligência não é única. Primeira razão. Sete consequências resultantes são desnecessárias Cap. XVI — Segunda razão. A inteligência preserva as espécies e deve tê-las possuído por muito tempo Cap. XVII — Terceira razão. Cada vez que dois sujeitos entendem a mesma coisa acabamos tendo consequências absurdas. Cap. XVIII — Quarta razão. Ou a ciência será a mesma numa multidão de homens ou então haverá qualidades inúteis nos mesmos homens. Cap. XIX — Quinta razão. Haveria contradições no mesmo assunto
LIVRO DÉCIMO SEXTO: Solução das objeções dos epicuristas
Cap. I — Segunda pergunta: Por que as almas estão trancadas em corpos terrenos? Primeira razão. Poder conhecer seres singulares Cap. II — Segunda razão. Unir formas particulares com formas universais Cap. III — Terceira razão. Para que o raio divino assim como suas fórmulas se reflitam em Deus Cap. IV — Quarta razão. Para deixar a alma mais feliz. Cap. V — Quinta razão. Para que os poderes inferiores da alma atuem Cap. VI — Sexta razão. Para que o mundo seja embelezado e Deus honrado Cap. VII — Terceira questão: Se as almas são divinas, por que estão tão perturbadas? Cap. VIII — Quarta questão: Por que as almas se afastam dos corpos com pesar?
LIVRO DEZESSETE
Cap. I — Quinta questão: Qual era a condição da alma antes de sua entrada no corpo e como será depois de deixá-lo? Cap. II — A apresentação da alma em Platão segundo as duas últimas Academias. Sobre a composição da alma Cap. III — As espécies e circuitos das almas, ainda segundo as duas últimas Academias Cap. IV — Interpretação mais correta de Platão, segundo as últimas quatro Academias, especialmente segundo a primeira e a quarta
LIVRO DÉCIMO OITAVO: Opinião sobre a alma, admitida por todos os teólogos
Cap. I — Platão não proíbe acreditar na teologia, comum a judeus, cristãos e árabes, que admite que o mundo foi criado Cap. II — Anjos e almas nem sempre existiram Cap. III — As almas são criadas todos os dias Cap. IV — De onde vem a alma quando desce ao corpo Cap. V — Em que parte do céu são criadas as almas e de que parte elas descem? Cap. VI — Quando a alma está unida ao corpo e qual é o seu guia durante a sua existência corpórea? Cap. VII — Por que lado a alma entra no corpo? Por que lado ela sai? Na companhia de qual guia ela avança? Cap. VIII
1. Condição da alma pura especialmente segundo os platônicos 2. Os nove graus na pátria 3. Sobre a condição da alma pura, segundo os teólogos cristãos em particular 4. Como a inteligência está unida a Deus 5. Todas as espécies de inteligência podem se unir a Deus 6. Na pátria existem diferentes categorias de inteligências, mas todas veem tudo o que é criado 7. Condição imutável da alma com Deus 8. Em Deus todos estão satisfeitos
Cap. IX — Do corpo dos bem-aventurados Cap. X — Condição da alma impura. Sobre a condição intermediária das almas, especialmente segundo os filósofos
