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Alma do Mundo

É em Platão principalmente no Timeu, que se encontra a exposição mais explícita da concepção de Alma do Mundo. O Timeu tem por objeto fornecer uma explicação verídica da gênese do Universo. A Alma do Mundo não seria então nada de outro que a organização universal, concebida então pelo Demiurgo, em seguida introduzida na indeterminação da “chora”. Assim o Vivente absoluto, A Alma do Mundo e o Universo sensível vêm a corresponder a três modalidades da organização, que coincidem em uma só e mesma representação e não podem ser distinguidas senão por sua função lógica e dialética. (Joseph Moreau, L'Âme du Monde de Platon aux Stoïciens)

BRISSON, Luc & PRADEAU, Jean-François. Plotin Traités 27-29. Paris: GF Flammarion, 2005, p. 29.

No capítulo 2 do Tratado-6 (Eneada-IV-8), Plotino se pronuncia sobre a maneira pela qual a alma do mundo, por meio de seu poder vegetativo, quer dizer de seu poder descido e logo inferior, vai produzir, quer dizer informar, e governar o corpo do mundo, É então que se colocam os problema da natureza e aquele da providência.

Por sua parte superior, a alma do mundo permanece sempre no alto, enquanto sua parte inferior produz e administra os corpos; é também o caso das almas particulares, cujo poder é menor. No mundo inteligível, as almas múltiplas podem ser consideraras como “almas sem corpo”. Aí, as almas permanecem indivisas e sem partes, e por seu poder superior, elas coincidem com a alma divina ou total, a saber a Alma hipóstase. Plotino mantém esta doutrina até o fim de sua obra. No Tratado-50 (Enéada-III-5), ele confirma estas distinções. E no Tratado-52, encontra-se o paralelismo entre o universo e o indivíduo. Na alma do universo e na alma particular, o poder superior, a alma separada, supera o composto e permanece sempre no alto contemplando o Intelecto e o Inteligível, enquanto que sua parte inferior desce para o corpo. Neste mesmo tratado, encontra-se claramente a distinção entre o nível superior da alma do mundo que permanece ao nível do intelecto (a providência), e um nível inferior que produz o universo e o organiza (a natureza).

Enquanto o Uno, embora dele derive tudo, não sai dele mesmo e não se volta em direção ao que engendra, enquanto a Inteligência, em quem se encontram os princípios dos seres, a saber todo inteligível, não deixa o mundo do Alto, o ekei, a Alma do Mundo é a intermediária entre o mundo superior e o mundo sensível. Este último compreende por um lado seu mais alto grau, o céu astral, e por outro o mundo de baixo onde vivemos. Ela olha portanto ao mesmo tempo para o alto do qual procede e para o baixo que ela anima, por intermédio das almas particulares, ao mesmo tempo unidas a ela e tendo sua individualidade. Mas ela não deixa o mundo superior.

A Alma do Mundo é constituída interiormente por sua relação com o Inteligível: sua relação com o que está fora dele resta exterior. Ela é semelhante à Inteligência donde ela vem: embora dissemelhante ao que está em baixo, ele se torna no entanto semelhante por sua ação e por sua criação, pois sua ação contempla e sua criação produz formas (eide), como pensamento aperfeiçoados, pondo sobre tudo traços do pensamento e da Inteligência que procedem segundo o arquétipo que é a Inteligência: elas imitam a Inteligência no mais alto grau quando elas lhe são próximas e em caso contrário não guardam senão uma imagem obscura (Eneada-V, 3, 7). (HCOP)

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