Forma e Matéria
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Aristóteles acredita que na percepção a forma é recebida sem matéria. Uma vez que a forma é normalmente (com três exceções de palavras soltas) dita ser recebida, não percebida, nenhum problema surge sobre um objeto interno de percepção se interpondo entre nós e o objeto externo de percepção. Mas quanto ao que é a recepção da forma, existem várias interpretações (pesquisadas, Victor Caston, ‘The spirit and the letter: Aristotle on perception’, em Ricardo Salles, org., Metaphysics, Soul and Ethics: Themes in the Work of Richard Sorabji, Oxford). O olho recebe manchas coloridas, ou informação codificada, ou nós apenas nos tornamos cognitivos? Philoponus e ‘Simplicius’ adotam a última interpretação: a forma é recebida cognitivamente, gnostikos. Quanto a “sem matéria”, também esta recebeu diferentes interpretações: “sem receber partículas de matéria (como alguns dos predecessores de Aristóteles postularam)” ou “sem que a matéria do observador sofra qualquer alteração comum”. Philoponus encontra esta segunda em Aristóteles, seja ou não na frase “sem matéria”.
Um processo de mudança qualitativa nos órgãos dos sentidos é descartado por vários comentadores de Aristóteles, por Alexandre para evitar uma colisão de cores no olho (cf. também De Anima 62,1-13), e por Themistius, exceto no caso do tato, cujo órgão assume quente, frio, duro e macio. O órgão do tato para Aristóteles está no coração, e a carne serve como meio (ver Themistius em De Anima 76,32-77,22) através do qual as qualidades o afetam.
