Espaço (chôra)
1. Em diversos diálogos, o espaço (chora) é explicado como sendo um pressuposto do movimento. Aqui não se trata, inicialmente, da extensão, mas do lugar de um corpo. É verdade, apenas na locomoção (phora) ele troca um lugar por outro ou gira no mesmo lugar, enquanto na modificação (alloiosis) ele muda de propriedades (Parm. 138b-c;Teeí. 181 c-d). Mas mesmo um corpo que permanece parado e não se modifica deve se encontrar em um lugar (Teet. 181c; Leis 893c). Sobre o pano de fundo dessa localização concreta, o espaço também é explicado como o “onde” abstrato de todo movimento. A concepção básica aí é que o movido só pode ser determinado quando é capaz de receber determinações. Independentemente disso não se pode falar do movimento do corpo nem de sua existência. Essa concepção mais radical do espaço é explicada do modo mais detalhado na cosmologia do Timeu (48e ss.). Mas em outros diálogos também há indicações importantes. E significativo sobretudo o Filebo, que faz a distinção entre o ilimitado, o limitado, o misto e a causa da mescla (Fil. 23c ss.). O ilimitado (apeiron) não pode ser simplesmente identificado com o espaço, pois ele é um ente, caracterizado pela indeterminação do mais e menos, não sendo, por exemplo, essa própria indeterminação. Na explicação do ilimitado, porém, insinua-se que esse onde do mais e menos (hopu… enêton, Fil. 24c), do qual este expulsa toda determinação moderada, não deve, em última análise, ser visto como ente, mas como espaço (auta errei tauta ek tês hautôn choras en hê enên, Fil. 24d). [SCHÄFER]