Pelo menos a julgar pelo pouco que nos foi legado sobre ele, o menos original dos socráticos menores foi Fédon (a quem, no entanto, Platão dedicou o seu mais belo diálogo). Diz sobre ele Diógenes Laércio: “Fédon de Elide, dos eupátridas, foi capturado quando da queda de sua pátria, sendo obrigado a permanecer em uma casa de transgressores. Mas, fechando a porta, conseguiu fazer contato com Sócrates. Por fim, estimulados por Sócrates, Alcebíades, Críton e seus amigos o resgataram. Desde então, ficou livre, dedicando-se à filosofia.” Escreveu diálogos, entre os quais Zópiro e Simão, que se perderam. Depois da morte de Sócrates, fundou uma escola em sua nativa Elida. Os testemunhos indicam bastante claramente que ele seguiu duas direções em sua especulação: a erístico-dialética e a ética, destacando-se sobretudo nesta última.
Em seu Zópiro, deve ter desenvolvido o conceito de que o logos (o logos socrático) não encontra nenhum obstáculo na natureza do homem, no sentido de que ele está em condições de dominar até mesmo os caráteres mais rebeldes e os temperamentos mais passionais. Zópiro era um “fisiognomista”, ou seja, alguém que considerava saber deduzir da fisionomia dos homens o seu caráter moral. Baseando-se nos traços de Sócrates, ele sentenciou que o filósofo devia ser um homem vicioso, suscitando a hilaridade geral. Mas foi o próprio Sócrates quem defendeu Zópiro, explicando que verdadeiramente ele havia sido assim, antes que o seu logos filosófico o transformasse.
E evidente que Fédon aprofundou um aspecto da filosofia socrática cuja eficácia havia experimentado diretamente (como vimos, o logos de Sócrates havia sido capaz de libertá-lo da abjeção em que havia caído, permanecendo prisioneiro em uma casa de transgressores). Mas esse também era um aspecto que refletia muito bem um dos traços mais típicos do intelectualismo de Sócrates, ou seja, a convicção sobre a onipotência do logos e do conhecimento no âmbito da vida moral.
A escola de Elida teve breve duração. A Fédon sucedeu Plisteno, nativo da mesma cidade. Mas, uma geração mais tarde, Menedemos, proveniente da escola do megarense Estilpones, recebeu a herança da escola de Elida e mudou-a para Erétria, imprimindo-lhe, juntamente com Asclepíades de Fliunte, uma direção análoga à da escola megarense, privilegiando decididamente a orientação erístico-dialética, mas sem dar qualquer contribuição de destaque.