As almas daqueles que chamamos imortais, logo que atingem a abóbada celeste aí se mantêm; movem-se em grandes círculos e podem então contemplar tudo o que fora dessa abóbada abarca o Universo.
Nenhum poeta jamais cantou nem cantará a região que se situa acima dos céus. Vejamos, todavia, como ela é. Se devemos dizer sempre a verdade, quanto mais obrigados o seremos ao falarmos da própria verdade. A realidade sem forma, sem cor, impalpável só pode ser contemplada pela inteligência, que é o guia da alma. E é na Ideia Eterna que reside a ciência perfeita, aquela que abarca toda a verdade.
O pensamento de um Deus nutre-se de inteligência e de ciências puras. O mesmo se dá com todas as almas que procuram nutrir-se do alimento que lhes convém. Quando a alma, depois da evolução pela qual passa, chega a conhecer as essências, esse conhecimento das verdades puras a mergulha na maior felicidade. Depois de haver contemplado essas essências, volta a alma a seu ponto de partida. E, alguma longo da revolução pela qual passou, ela pôde contemplar a Justiça, e a Ciência – não estas que conhecemos, sujeitas às mudanças e que são contingentes aos objetos – mas a Ciência que tem por objeto o Ser dos Seres. Quando assim contemplou as essências, quando se saciou a sua sede de conhecimento, a alma mergulha novamente na profundeza do céu e volta ao pouso.
E após a volta da alma, o condutor leva os cavalos a manjedoura e dá-lhes ambrosia e néctar.