É uma lei de Adrástea: toda a alma que segue a de um deus, contempla algumas das Verdades: fica isenta de todos os males até nova viagem, e, se o seu voo continuar vigoroso, ela ignorará eternamente o sofrimento. Mas, quando não pode seguir os deuses, quando devido a um erro funesto ela se enche de alimento impuro, de vício e esquecimento, torna-se pesada e precipita-se sem asas ao solo.
Uma lei estabelece que, no primeiro nascimento terreno, a alma não entra no corpo de um animal; aquela que mais Verdades contemplou gerará um filósofo, um esteta ou um amante favorito das Musas; a alma de segundo grau irá formar um rei legislador, guerreiro ou dominador; a de terceiro grau formará um político, um economista ou financista; a do quarto, um atleta incansável ou um médico; a do quinto seguirá a vida de um profeta ou adepto dos mistérios; a do sexto terá a existência de uma poeta ou qualquer outros produtor de imitações; a do sétimo, a de um operário ou camponês; a do oitavo, a de um sofista ou demagogo; a do nono, a de um tirano. Quem em todas estas situações, praticou a justiça moral, terá melhor sorte. Quem não a praticou cai em situação inferior.
Para o ponto de que saiu uma alma não voltará ela senão passados 10.000 anos, pois, antes disso, não recebe asas. Fazem exceção as almas dos filósofos sinceros e dos que amam os rapazes com amor filosófico. Saem alados no terceiro milênio, se por três vezes seguidas escolheram a vida do filósofo.
Quanto às outras almas, terminada a primeira vida, passam por um julgamento. Umas vão para lugares de penitência, abaixo da terra, para sofrerem o castigo; outras sobem, por sentença, a um lugar do céu onde desfrutam as recompensas das virtudes que praticaram na vida terrestre. No milésimo ano, cada alma destas duas espécies tira a sorte e escolhe uma segunda vida, obtendo o que merece!
Assim, uma alma humana pode entrar em corpo de animal, e a alma de um animal pode ir animar um corpo de homem, desde que já uma vez tenha sido homem.