episteme (Gerson)

Excerto de GERSON, Lloyd P.. Ancient Epistemology. Cambridge: Cambridge University Press, 2009, p. 2

[…] a palavra em inglês “conhecimento” não é uma tradução totalmente útil para nenhuma palavra grega. Geralmente é a palavra que traduz episteme. Por razões que surgirão, não se deve presumir que episteme está relacionado à doxa (a palavra que geralmente é traduzida como ‘crença’), como conhecimento está relacionado a crença ou, pelo menos, como são tipicamente relacionados na epistemologia contemporânea. Por exemplo, em português, certamente seria estranho dizer ‘eu conheço p, mas não creio p’, embora alguém possa dizer: ‘eu conheço p, apenas não creio p’. Por outro lado, Platão e Aristóteles, para tomar duas figuras centrais, não assumem que as coisas das quais se tem episteme são iguais às coisas das quais se tem doxa. Contrapor que, se alguém tem doxa de p, certamente, em algum sentido, conhece ou pelo menos pode conhecer p, é usar a palavra ‘conhecer’ de uma maneira que, de um modo geral, não corresponda ao uso antigo de episteme ou suas formas verbais. Estarei constantemente alertando o leitor sobre as armadilhas da compreensão de episteme e seu contraste com doxa em termos de conhecimento e crença.