O verdadeiro ideal não tem de ser real: é real. Todavia, é necessário saber-se o que é real; na vida comum, tudo é real: há, contudo, uma diferença entre mundo da aparência e realidade. O temporal, o transitório, existem deveras, podem mesmo fazer-nos muita falta, mas ainda assim não são uma verdadeira realidade, como o não é também a particularidade do sujeito, os seus desejos, as suas inclinações. A respeito desta observação, há que pensar na diferença operada há pouco na filosofia platônica da Natureza: o mundo eterno (…) é a realidade, não noutro lado, não no Além, mas sim o mundo presente e real considerado na sua verdade, não como pelo ouvido, pela vista, etc., cai nos sentidos. (Hegel, Lições sobre Platão)