Em Platão, o conceito de episteme sempre esteve ligado à noção de eidos desde a sua primeira e implícita aparição no Ménon (como corolário da anamnesis). Assim, a episteme tem como objeto o Mundo Inteligível, as Formas (eidos), o que “existe em si” (Fédon, 75d) e “por si” (ibid., 65c). Assim, o verdadeiro conhecimento (episteme) das Formas não pode vir através de sentidos, pois nascemos com ele.
“E não alcançará semelhante objetivo da maneira mais pura quem se aproximar de cada coisa só com o pensamento, sem arrastar para a reflexão a vista ou qualquer outro sentido, nem associá-los a seu raciocínio, porém valendo-se do pensamento puro, esforçar-se por apreender a realidade de cada coisa em sua maior pureza, apartado, quanto possível, da vista e do ouvido, e, por assim dizer, de todo o corpo, por ser o corpo o fator de perturbação para a alma e impedi-la de alcançar a verdade e o pensamento, sempre que a ele se associa? Não será, Símias, esse indivíduo, se houver alguém em tais condições, que alcançará o conhecimento do ser?” (Fédon, 66a)