ethos (Heidegger)

Heidegger, Martin (1998), Heráclito. Relume Dumará, Rio de Janeiro, pgs. 227-228

O êthos (eta inicial), como postura do modo de ater-se do homem em meio aos homens, só diz respeito ao homem. Só que o êthos vem ao encontro dos homens na propriedade de ser no êthos e pelo êthos que o homem tem em referência à totalidade dos entes. Por isso, o êthos só diz respeito ao homem.

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Como atitude capaz de enunciados, o logos pertence ao êthos. Essa é a postura que vigora em todo comportamento. Por isso, como saber do comportamento das posturas humanas, a ética é o saber mais abrangente, incluindo a lógica. A “lógica” é, por sua vez, uma ética específica, aquela do comportamento de propor enunciados, a ética do logos, da enunciação. Sendo assim, cai por terra o fundamento de que a lógica deve parear-se com, ou preceder, as outras duas, a física e a ética. Pensado em suas remissões universais e modos de comportamento frente à totalidade dos entes e, assim, pensado a partir do todo, o homem se determina pelo êthos. Por isso podemos dizer, com algum direito, que o homem é aquele ente, em meio à totalidade dos entes, cuja essência se distingue pelo êthos.