A imortalidade vicária é atribuída à anthropine physis, ou à alma tal como a conhecemos apenas em sua condição encarnada. Tal visão é coerente com o Fedão; nele a alma qua divina é imortal, e com o Timeu, em que esse aspecto divino e imortal é classificado como a razão. Se o vocabulário da República e do Timeu tivesse sido usado, Platão poderia ter dito que as duas partes inferiores da alma, mesmo sendo corruptíveis e mortais, ainda poderiam alcançar uma imortalidade vicária.
Nas Leis, encontramos ambas as ideias combinadas em um único diálogo; em 713E8, por um lado, parece que temos uma referência à alma ou parte da alma genuinamente imortal, na expressão “o elemento imortal em nós”, com uma outra referência inequívoca à “alma imortal” (athanaton psyche) em 959B3-4, enquanto em 721B7-8, por outro lado, se diz que a “raça humana” (anthropikon genos) “compartilha da imortalidade”, e em 773E5ss. Platão fala da imortalidade vicária que o homem alcança ao ter filhos. Também na Carta VII lemos “nenhum homem é naturalmente (pephyken) imortal” (334E3-4); entretanto, devemos aceitar que a “a alma (psyche) é imortal, baseados na autoridade da revelação divina. Uma ideia muito semelhante pode ser encontrada em Fedro 276E-277A, em que a verdade é vista como algo que não morre (athanaton), na medida em que é passada de geração em geração. [T.M. Robinson, A Psicologia de Platão]