Kingsley: Poema de Parmênides – Proêmio

Não há nada de vago no Poema de Parmênides, segundo Peter Kingsley (2003, p. 29). Mesmo o que pode parecer vago se dá por servir a um propósito específico. Cada imagem desempenha sua parte em um todo completamente coerente. Todo detalhe tem seu lugar particular.

Parmênides é guiado, conforme indicado pelo Proêmio, em sua jornada por jovens, as Filhas do Sol. Elas vieram das Mansões da Noite que eram bem conhecidas no mito grego como as profundezas da escuridão nos mais distantes limites da existência, ao lado do grande abismo chamado Tártaro, onde a terra e o céu têm suas raízes. Este é o lugar onde o mundo de cima encontra o mundo de baixo; onde todos os opostos que sentimos e experienciamos enquanto vivos vêm a reunir-se e juntar-se.

E isto é onde o sol se recolhe para repousar em casa com sua família toda noite.

Quanto àqueles portões que Parmêndies é levado nos caminhos da Noite e Dia, eles são os portais abrindo para o submundo — separando este mundo familiar nosso do vasto abismo logo atrás.

E a Justiça, que guarda os portões, é uma figura familiar também. Ela é a deusa que vigia o submundo: a impiedosa fonte de ordem, origem de todas as leis.

Quanto a deusa sem nome que saúda Parmênides, ainda não é o momento de dizer qualquer coisa sobre ela.

Em resumo, as Filhas do Sol vieram para conduzi-lo do mundo da vida e levá-lo direto aonde elas pertencem. Esta não é uma jornada da confusão para a claridade; da escuridão para a luz. Ao contrário, a jornada que Parmênides descreve é exatamente o oposto. Ele esta viajando direto para noite última que nenhum ser humano poderia possivelmente sobreviver sem proteção divina. Ele está sendo levado ao coração do submundo, o mundo dos mortos.

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