kosmos

gr. kosmos (scil. aisthétós): ornamento, ordem, o universo visível, físico (ver kosmos noetos). Para Platão, só há mundo sensível, a noção de “mundo inteligível” não aparecendo senão muitos séculos depois dele. O mundo é a totalidade ordenada de todas as coisas sensíveis. Uma totalidade nomeada de diferentemente: “o todo” (to pan), o “universo”; o todo ordenado (kosmos); o céu (ouranos), esta região do universo que apresenta mais regularidade e mais permanência, que é a mais ordenada. [Luc Brisson]


A descoberta de Nietzsche de que “a eliminação do supra-sensível elimina também o meramente sensível, e, portanto, a diferença entre eles” (Heidegger),[[“Nietzsches Wort ‘Gott ist tot’”, in Holzwege, Frankfurt, 1962, p. 193.]] é tão óbvia que desafia qualquer tentativa de datá-la historicamente; qualquer pensamento que se construa em termos de dois mundos já implica que esses dois mundos estejam inseparavelmente ligados entre si. Assim, todos os modernos e elaborados argumentos contra o positivismo foram antecipados pela simplicidade insuperável do pequeno diálogo de Demócrito entre o espírito, o órgão do supra-sensível, e os sentidos. As percepções sensoriais são ilusões, diz o espírito; elas mudam segundo as condições de nosso corpo; doce, amargo, cor, e assim por diante, existem somente nomo, por convenção entre os homens, e não physei, segundo a verdadeira natureza das aparências. Ao que os sentidos respondem: “Espírito infeliz! Tu nos derrotas enquanto de nós obténs a tua evidência [pisteis, tudo em que se pode confiar]? Nossa derrota será a tua ruína.”[[B125 e B9.]] Em outras palavras, uma vez que o equilíbrio sempre precário entre os dois mundos está perdido, não importa se o “verdadeiro mundo” aboliu o “mundo aparente”, ou se foi o contrário; rompe-se todo o quadro de referências em que nosso pensamento estava acostumado a se orientar. Nesses termos, nada mais parece fazer muito sentido. {ArendtVE:11]


LÉXICO: