poiein, praxis, ergon, energeia

ação, poiein, praxis, ergon distinção do agir e fazer, ergon 1-2, poiein; poderes ativos associados com o logos pelos estoicos, gênesis 16; como princípio «material», hyle 7; virtude como meio de, meson; em Plotino uma degeneração da contemplação, noûs 19, physis 5; atividade e experiência em Aristóteles, pathos 9; como assunto principal da moralidade, praxis, proairesis (FEPeters)


Nos Tratados 42, 43 e 44 Plotino trata dos gêneros do ser, abordando as categorias aristotélicas e estoicas, e apresentando sua proposição de categorias. Entre as categorias tratadas encontra-se a “ação” ou o “agir” (to poiein) e o padecer (to paskhein). Plotino consagra oito capítulos do Tratado-42, capítulos 15-22. Criticando certa imprecisão em Aristóteles, Plotino acha mais conveniente quando se aborda a categoria do agir, falar de “atividade”, a atividade segundo a qual um ser age.

Da atividade, Plotino avança naturalmente para o movimento (kinesis) que se encontra definido segundo Aristóteles na Física (III, 2, 201b31-32) como uma atividade incompleta, portanto ainda uma análise de uma espécie de atividade.


Para Brisson & Pradeau (2002 p.136), segundo Aristóteles, a atividade, que é uma espécie de movimento, pode ser de dois tipos: transitiva, quando ela visa um fim e uma realização exteriores, ela é uma produção (poiesis); em revanche, a atividade imanente, que é a ação propriamente dita (a praxis ou bem a energeia), tem seu fim nela mesma (Ética a Nicômaco VI,4).


I. A filosofia de Platão como uma teoria da ação: historicamente, o conceito de ação se orienta por uma descrição da práxis como uma ação com fim em si mesma no sentido aristotélico. Por outro lado, o Sócrates de Platão não dá continuidade à fundamental diferenciação de Crítias do conceito de ação num fazer (poiein) sem qualificação moral e num agir (prattein) moralmente talvez bom (Cárm. 163b-d; cf. Banq. 205b-c). Todavia, Platão utiliza a palavra prattein para descrever a ação que conduz à felicidade humana (eudaimonia) (Cárm. 172a; Eutid. 279e; Górg. 507b-c; Bien 1989, p. 1277). No retrato da figura ideal de Sócrates, ela é desde o início um imperturbável ater-se ao que é reconhecido como bom (Apol. 28b-d). A assim caracterizada atividade do agir, especificamente humana, representa um ponto de partida importante na filosofia de Platão, como fica nítido nos primeiros diálogos. Em certo aspecto, sua abordagem total se deixa descrever como uma reflexão sobre as condições formais da ação humana, uma reflexão que só secundariamente é diferenciada segundo campos de ação individuais e seus objetos (Kauffmann 1993, p. 21). A reflexão sobre o agir contribui para a construção da teoria na medida em que ela não se contenta em combater com argumentos da própria práxis a teoria da ação sofistica orientada por irrefletidas ponderações acerca da utilidade. Ao contrário, Platão tenta chegar a uma avaliação fundamentada do valor moral da ação humana, que ele vê expressa na condução filosófica da vida, que justamente não se orienta pelo sucesso exterior (Górg. 500c; Féd. 69c-d; Eutid. 282c-d; Kauffmann 1993, p. 79 s.). Essa perspectiva moral deve proibir que caracterizemos a filosofia de Platão como “poiética” no sentido aristotélico (Buchheim 1986, p. 131-135), embora ela, diante da sofística, se empenhe por uma avaliabilidade, por assim dizer, objetiva da ação humana (Crát. 386e-387b, em relação à ação técnica) e, para essa meta de avaliação da ação, inclua pontos de vista ontológicos (Fil. 18e-19a; Kauffmann 1993, p. 52-58). (CSLP)