linguagem

Linguagem

I. No centro das primeiras reflexões gregas sobre a linguagem, especialmente a filosofia da linguagem platônica, está a palavra logos (ver logos), que nesse contexto se refere ao pensamento e à fala humanos e sua relação. Um significado terminológico limítrofe se encontra nas palavras glossa (em ático: glôtta; linguagem, eloquência, língua, fluência, expressão, dialeto), lexis (palavra, fala, modo de falar, expressão linguística), phônê (fonema, linguagem, dialeto), stoma (boca, linguagem, fala) e dialektos (conversa, modo de falar).

A expressão logos designa em Platão, no sentido filosófico-linguístico mais estrito, o discurso, por exemplo como expressão do conteúdo da ALMA (Rep. 400d) ou na moldura da diferenciação entre discurso verdadeiro e discurso falso (Crát. 385b), da determinação do discurso como nomeação (Crát. 387c) ou da constatação de que não há discurso sobre nada (Sof. 263c). De modo mais concreto, logos designa a expressão vocal do pensamento (Sof. 263e) e a proposição como um composto de nome e verbo (Sof. 262a). Raramente a palavra dialektos também é empregada como designação de discurso, conversa ou condução da conversa (Rep. 454a; Teet. 146b). Platão utiliza a expressão lexis como designação para a conferência oral (Sof. 225d; Apol. 18a; Híp. maior 300c), ocasionalmente no sentido das apresentações teatrais imitativas ao lado do canto e da dança (Leis 816d), ou para o discurso em oposição à ação (Rep. 396c). Em Rep. 392c Platão faz vir após o debate sobre o discurso (logos) um debate sobre os modos de discurso ou conferência (lexis), que ele diferencia em um modo imitativo por meio de som e gestos e um puramente narrativo (Rep. 393c, 396e, 397b). De modo metafórico, a lexis designa a linguagem das musas (Leis 795e). Lexis ganha importância terminológica maior em Aristóteles, que emprega o termo, entre outras coisas, para a informação ou comunicação por palavras (Poética 1450b). A palavra phônê é empregada em Platão diferentemente para linguagem ou dialeto e para o fone-ma. Assim, phônê representa a linguagem convencional no contexto da crítica às mudanças e renovações linguísticas (Crát. 418b, 421d), mais especialmente também uma língua individual como um dialeto que remete a uma origem ou um hábito (Crát. 383a, 398d, 410a; Prot. 341c, 346d; Apol. 17d; Féd. 62a), por exemplo o dialeto dos atenienses (Leis 642c). Formas de governo diferentes também são identificadas cada uma com sua linguagem (phônê) própria ou discursos específicos (Carta 5 321d-322a). Na maioria das vezes, phônê significa a voz ou o som da voz (Fil. 17b; Teet. 190a; Pol. 306c; Prot. 310b, 322a; Leis 654c), que falta, por exemplo, à letra “b” (Teet. 203b), especialmente também a expressão vocal dos pensamentos ou a indicação vocal de coisas (Sof. 261e-262a). Voz (phônê) e audição como pressupostos ou componentes do discurso (logos) do homem são parte do cosmos ordenado com um propósito (Tim. 47c-d). Há ocasiões em que Sócrates se refere a um daimonion (ver demônio), a algo, por assim dizer, divino na função de uma consciência cuja voz (phônê) o adverte em situações de decisão ou o dissuade de alguma coisa (Apol. 31 d; Fedro 242c). Em Leis 938a, a voz da lei (phônê nomou) é mencionada contra a desobediência. Com a expressão stoma, Platão designa, além da boca como órgão (Prot. 329d; Tim. 78c), sobretudo a boca como instrumento linguístico (Crát. 414d; Sof. 238b, 263e; Rep. 463e; Tim. 75d-e). Também a língua (glôssa) é mencionada, de modo geral, como órgão (Tim. 65c, 66c, 75a; Teet. 159d) e, de modo mais concreto, como instrumento linguístico (Crát. 427a-b; Teet. 185d, 203b). Além disso, glôssa pode designar a coisa dita (Teet. 154d) ou atuar como conceito oposto a psyehê (alma) (Banq. 199a). Juntamente com a boca e a língua, a phônê no sentido de voz forma um grupo de três instrumentos linguísticos (Crát. 423b). (SCHÄFER)