metron

Helios não ultrapassará as medidas (metra). Ou então as Eríneas, ajudantes de Justiça (Dike), certamente o encontrarão.

Heráclito se inspira neste fragmento 94 de um velho adágio pitagórico: « Quando estais no estrangeiro, não saias de teu caminho para ti, senão as Eríneas, ajudantes da Justiça, correrão ao seu encalço». Como as “medidas” (metra) do Sol estão fixadas pelo equilíbrio das fases contrárias (freg. 30: o fogo eterno se abrasa “em medida” e se apaga “em medida”), o astro deve permanecer em seus limites e não andar em outras vias, sob pena de ser caçado, e em seguida julgado, pelas Eríneas, estas filhas da Noite (Ésquilo, Eumenides, v.321), auxiliares da filha de Têmis, Dike; Aratos, em seus “Fenômenos”, identificará esta última à constelação de Virgem Astreia. O termo metron é aparentado a metis (lat. metior), a “prudência” ou a “sabedoria prática”, senão a “rusa”. Segundo Hesíodo, Metis, filha de Têmis e de Oceano, primeira esposa de Zeus, conhecia “mais coisas que todo deus ou homem mortal”. Segundo os conselhos de Urano e de Gaia, Zeus a engolirá desde que ela será grávida de Atenas a fim de permanecer o mais sábio dos deuses; a deusa de olhos azuis nascerá em seguida toda armada da cabeça de seu pai. Vê-se aqui que o limite estabelecido aos homens e aos deuses dá, de maneira indissociável, a medida da ordem cósmica e da ordem ética, mas também da ordem lógica, aquele da razão universal, posto que, segundo o fragmento 1 de Heráclito citado por Sextus Exmpírico, “todas as coisas nascem e morrem segundo este logos aqui”. [Jean-François Mattéi]