nóesis (he) / noesis: pensamento, noese. Latim: intellectus.
Esse termo designa, mais precisamente, a razão intuitiva, aquela que contempla diretamente o inteligível, o noetón / noeton.
Antes do sistema platônico, esse termo designa o pensamento em geral. Em Parmênides (fr. 2), o pensamento do Ser e do não-ser; no materialismo de Diógenes de Apolônia, a inteligência em geral, mantida pelo ar que respiramos.
A nóesis adquire sentido preciso na República de Platão. Constitui o segundo estágio da ciência, ou seja, o ápice do conhecimento, ao qual o sábio chega como termo da dialética (v. dialektiké) (Rep., 509d-511c; 534a).
Esse termo adquire grande importância com Aristóteles, que faz da nóesis o próprio ato pelo qual Deus é Deus. De fato, a inteligência (noûs) do Ser eterno, que é o Bem em si, perfeitamente desejável, só pode estar em ato se encontrar o seu objeto específico; ora, esse objeto é necessariamente ele mesmo; e é essa nóesis, pensamento perfeito, que se pensa a si mesma; ato de intelecção pura, é a própria existência de Deus (Met., A, 7, 1072a-b). E, assim, Pensamento do Pensamento (nóesis noéseos / noesis noeseos, A, 9,1074b).
Encontra-se essa palavra também em Plotino, mas incidentemente, como muitas outras. O mesmo ocorre com Hermes Trismegisto (IX), que faz um confronto entre nóesis e aísthesis. [Gobry]
O Noûs designa ao mesmo tempo o órgão: a parte “divina” da alma voltada para as únicas Formas, e a função: a inteligência destas Formas, noûs sendo sinônimo então de noesis, “intelecção” (pensamento). Todos os dois se opõem à doxa, nos que consideram não sobre o devir mas sobre a ousia, “essência” — os inteligíveis sendo seres reais e não simples noemata, “conceitos”. [Notions Philosophiques]