Organon

O Organon de Aristóteles compreende toda uma série de livros consagrados ao raciocínio, dividindo-se esses livros segundo consideram essa operação do espírito sob o ponto de vista da matéria.

Os Primeiros Analíticos tratam ex professo do raciocínio formal. Esse raciocínio é para Aristóteles essencialmente o silogismo ou dedução. Porém em várias passagens ele apresenta um outro tipo de raciocínio, a indução, estudado muito rapidamente mas sobre o qual os modernos se deterão, com interesse. Uma exposição completa da lógica formal do raciocínio deve, portanto, comportar duas secções que tratem respectivamente do silogismo e da indução.

Os Segundos Analíticos, os Tópicos, a Refutação dos sofismas e, analogicamente, a Retórica, tratam das condições materiais do raciocínio. O primeiro destes livros estuda a demonstração científica, aquela que, partindo de premissas certas, chega a uma conclusão certa; o segundo trata da demonstração provável, a qual, não repousando senão em premissas prováveis, não pode conduzir senão a uma conclusão igualmente provável. A Refutação dos sofismas considera especialmente os raciocínios que, tendo a aparência da verdade, são entretanto falsos, seja em razão de vícios de forma, seja por defeitos devidos à matéria. S. Tomás resume tudo isso neste texto dos Segundos Analíticos (I, 1. I, n. 5)

“Há, com efeito, um processo da razão que conduz ao necessário, no qual não é possível que haja falsificação da verdade: é por esse processo que se atinge a certeza da ciência. Há um outro, cuja conclusão é verdadeira na maioria dos casos, sem que, todavia, haja necessidade. Há, finalmente, um terceiro em que a razão se afasta da verdade por haver negligenciado algum princípio que seria necessário levar em conta.” (Gardeil)