Parm. 132c-133a — A Ideia modelo (paradigma).

Isso também, teria respondido, carece de sentido. O que se me afigura mais plausível, Parmênides, é o seguinte: essas ideias se encontram na natureza à maneira de paradigmas; as coisas se lhes assemelham como simples cópias que são, consistindo a participação das ideias com relação às coisas em se assemelharem estas àquelas.

Sendo assim, voltou Parmênides a falar, se alguma coisa se assemelha à ideia, será possível não ser a cópia semelhante à ideia, na medida em que a ela se assemelha ? Ou haverá jeito de semelhante não ser semelhante ao semelhante?

Não há.

E não é da maior necessidade que o semelhante participe com seu semelhante da mesma e única ideia?

Sem dúvida nenhuma.

Não é, portanto, absolutamente possível, assemelhar-se alguma coisa à ideia, nem a ideia a seja o que for. Doutra maneira, surgiria sempre uma nova ideia, diferente da primeira, e, no caso de parecer-se ela com alguma coisa, mais uma ainda, sem nunca parar essa formação de novas ideias, dado que a ideia venha a parecer-se com o que dela participa.

É muito certo o que dizes.

Não é, pois, pela semelhança que as coisa participam das ideias; será preciso procurar outra modalidade de participação.

Parece.

Já vês, Sócrates, prosseguiu, em que apertos se mete quem admite a existência à parte das ideias em si mesmas.

Grandes apertos, realmente.