Parm. 144b-144e: …que comporta uma igual infinidade do Ser e do Uno

A existência foi repartida entre toda a pluralidade dos seres, sem faltar em nenhum, nem no maior nem no menor. Sim, o próprio enunciado da questão já é absurdo, pois de que modo conceberemos um ser desprovido de existência?

Não é possível.

Ela foi, por conseguinte, subdividida em partes tão pequenas quanto possível e tão grandes quanto possível, em porções de grande variedade, havendo uma infinidade de partes do ser.

Isso mesmo.

Incontáveis, portanto, são suas partes.

Incontáveis, sem dúvida.

E então? Entre essas partes, haverá parte do ser que não seja alguma parte?

Como fora possível?

A meu parecer, se ela existe, e enquanto existir, forçosamente terá de ser algum parte. Não ser parte é que não é possível.

Necessariamente.

O Uno, por conseguinte, está ligado a todas as partes do Ser, não podendo faltar nem nas menores nem nas maiores ou seja na que for.

Isso mesmo.

Sendo assim, por ser um, estará inteiro ao mesmo tempo em toda parte? Considera esse ponto.

Já considerei e vejo que não é possível.

Então, se não for inteiro, será dividido, pois não poderá estar presente ao mesmo tempo em todas as partes do ser, se não for subdividindo-se.

Certo.

Sendo forçoso ficar dividido em tantas porções quantas partes houver.

Necessariamente.

Então tínhamos ou não tínhamos razão de dizer há pouco que o ser estava subdividido em uma multidão infinita de partes? Não estará mais subdividido do que o Uno, mas em igual número de partes que o Uno, segundo creio; nem o ser está ausente do Uno, nem o Uno do ser; é uma dupla que ocorre sempre e em toda parte.

Claríssimo.

Fracionado o Uno, a tal ponto, pelo ser, é múltiplo e de número infinito.

Evidentemente.

Logo, não é múltiplo apenas o Um que é; o próprio Um em si mesmo, subdividido pelo ser, terá necessariamente de ser múltiplo.

É muito certo.