Parm. 148d-149d — O Uno é contíguo e não contíguo

E agora? Que se dá com o Uno no que respeita ao tocar ou não tocar em si mesmo e nos outros? Reflete.

Estou refletindo.

O Uno se nos patenteou contido em si mesmo como um todo.

Certo.

E não estará também nos outros?

Está.

Logo, na medida em que está nos outros, ficará em contato com eles; porém como recolhido a si mesmo, ver-se-á impedido de tocar nos outros, mas estará em contato consigo mesmo, pelo fato de achar-se nele mesmo.

É claro.

Por tudo isso, o Uno tocará em si mesmo e nos outros.

Tocará.

E esta outra possibilidade? Tudo o que deverá tocar em qualquer coisa, não terá de estar junto da coisa que ele se acha no ponto de tocar e ocupar o lugar anexo a essa mesma coisa que vai ser tocada?

Necessariamente.

Nesse caso, o Uno, também, se tiver de tocar em si mesmo, terá de colocar-se perto de si mesmo e ocupar o lugar contíguo ao que ele próprio ocupa.

Exato.

Se o Uno fosse dois, poderia fazer isso, a saber, ocupar dois lugares ao mesmo tempo; mas enquanto for um, não quererá fazê-lo.

Não, de fato.

A mesma necessidade, pois, não permite que o Uno seja dois nem que toque em si mesmo.

A mesma, sem dúvida.

Mas também não tocará nos outros.

Por quê?

Porque, dissemos, o que deve tocar precisará estar separado daquilo que vai ser tocado, porém contíguo a este, sem que um terceiro se interponha entre ambos.

Certíssimo.

Dois, por conseguinte, é o mínimo exigido para que haja contato.

Realmente.

Se aos dois limítrofes houver acréscimo de um terceiro, formarão três elementos, porém os contatos serão dois.

Certo.

Desse modo, sempre que se ajuntar um novo termo, haverá acréscimo de mais um contato, conservando, daí por diante, a soma dos contatos uma unidade a mesmo, em relação ao conjunto dos termos. E quanto os dois primeiros termos ultrapassarem os contatos, para mais, dos respectivos números, em igual proporção a soma dos objetivos ultrapassará a dos contatos, pois a partir desse ponto, a cada acréscimo de uma unidade na soma dos objetos, verificar-se-á aumento correspondente na série dos contatos.

É muito certo.

Qualquer que seja, pois, o número das coisas, sempre a soma dos contatos será menor de uma unidade.

Sem dúvida.

E onde só houver um, sem que haja dois, não pode haver contato.

Como fora possível?

Por isso mesmo, dissemos que as coisas diferentes do Uno nem são o Uno nem dela participam, por serem outras.

Não, de fato.

Não existe, pois, número nos outros, por não haver neles o Uno.

Isso mesmo.

Logo, os outros não são nem um nem dois nem qualquer outro número, como não têm nome seja de que natureza for.

Não têm.

O Uno, pois, está só, não podendo haver dois.

Não, evidentemente.

E não havendo dois, não haverá contato.

Não de fato.

Logo, nem o Uno toca nos outros nem os outros no Uno, visto não haver contato.

Como realmente não há.

Decorre, pois, de todos esses argumentos que o Uno toca e não toca nos outros e em si mesmo.

Parece.