Como também é preciso que de algum modo participe do ser.
De que jeito?
Tudo terá de passar-se com ele conforme dissemos; a não ser assim, não falaríamos a verdade, quando dissemos que o Uno não é. Mas, se formos verídicos, é evidente que referimos ao que existe.
Não é isso mesmo?
Sem dúvida.
Se pretendemos dizer a verdade, por força teremos de dizer o que é.
Necessariamente.
Então, pelo que se vê, o Uno é não-existente, pois se não fosse não existente, algo do ser insinuaria no não-ser, passando ele num ápice a existir.
Sem dúvida nenhuma.
É preciso, portanto, para que continue a não existir, que ele tenha algum nexo com o não-ser, o ser do não-ser, exatamente como o que existe precisa ter o não-ser do não-ser, para plenamente existir. A única maneira de assegurar que o existente existe e o não existente não existe é participar o existente da existência do ser existente e da não existência do ser não existente, para poder plenamente existir, como o não existente terá também de participar da essência do não-ser implicada no ser não-existente, para ter completa não existência.
Tudo isso é certo a mais não pode ser.
Logo, uma vez que o ser participa do não-ser, e o não-ser participa do ser, o Uno, também, dado que não existe, terá de participar do ser para não existir.
Necessariamente.
Como aparecerá existência no Uno, se ele não existir.
É evidente.
E também não-existência, por isso mesmo que não existe.
Como não?