peras

péras: limite

Embora a noção de limite seja obviamente um constituinte do apeiron de Anaximandro (ausência de determinação interna?), começa a desempenhar um papel formal entre os pitagóricos para os quais, segundo o testemunho de Aristóteles, era, juntamente com ilimitado, um princípio supremo da realidade, que se encontra mesmo atrás do número (Metafisica 986a). O limite está no topo de uma das tábuas pitagóricas dos opostos citadas na Metafísica 986a, e na Ethica Nichomacos 1106b está explicitamente ligado ao Bem. O peras pitagórico pode ser relacionado com a descoberta feita por estes das proporções numéricas na (harmonia musical (ver Aristóteles, De coelo 290M2). Parece ser esta a intenção do uso platônico de peras no Phil. 23c-26d; para as suas implicações éticas, ver meson, agathon, harmonia.

Para o limite como fator na definição do número, ver poson; para uma possível adaptação plotiniana, aisthesis. [Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters]


Heráclito faz uso, em dois de seus fragmentos, do termo “peras” que designa o “limite”: peras, o “fim”e a “extremidade” da coisa; se tornará, com os pitagóricos em seguida com Platão e Aristóteles, um dos termos técnicos essenciais da filosofia grega. O fragmento 103 mostra que “na circunferência do círculo, a origem (arche) e o fim (peras) são uma coisa comum”. De modo paralelo, o fragmento 45 põe em guarda o leitor: “os limites da alma (psyches peirata), tu não saberias os encontrar perseguindo teu caminho, tão longa seja a estrada, tão profunda é a razão (logon) que ela guarda”. Peras é o termo, como fim e extremidade, que dá a toda coisa seu acabamento e o conduz assim ao mais alto ponto dela mesma a ajustando em sua própria presença: é o limite último que permite a uma coisa chegar à existência afastando todo o risco de dispersão no indefinido (aoriston). Peras desempenha um papel essencial em Parmênides, as quatro ocorrências maiores do fragmento VIII evocando as ligações que delimitam o ser em seus “limites”, e o tornam de todos os lados concluído, “semelhante à massa de uma esfera de bela circularidade”, e a ocorrência do fragmento X sobre o céu que mantém os “limites dos astros”. Deve-se ver nele, no sentido primeiro do termo, o horizonte natural do sentido que fixa no logos a determinação essencial de cada ser. [Mattéi]