pleroma

Leucipo e seu companheiro Demócrito declaram que o pleno e o vazio são os elementos, que nomeiam respectivamente ser e não-ser, o ser sendo o pleno e a extensão, e o não-ser o vazio e o raro (eis porque concluem que o ser não tem mais existência que o não-ser, porque o vazio não existe menos que o corpo); estão aí as causas dos objetos, do ponto de vista da matéria. (Aristóteles, citado em Jean-Paul Dumont, Éléments d’histoire de la philosophie antique)


O grego pleroma tem também o sentido de complemento. Eudoro de Sousa examina a noção de complementaridade. Uma de suas definições em resposta a um interlocutor, na obra “Sempre o mesmo acerca do mesmo”:

“A complementaridade significa apenas que a qualquer par de «provocações» diversas (como, por exemplo, duas perguntas diversamente expressas, mas visando saber uma coisa só: qual seja a natureza do que se encontra além-horizonte), que nós lancemos ao que quer que esteja além-horizonte, dele recebemos, aquém-horizonte, um par de respostas logicamente contraditórias e incompatíveis no campo da experiência comum, dois «objetos» que, de modo nenhum, se coadunam. Estas respostas são complementares só porque supomos, eu diria até, porque cremos, que existe uma só realidade em que os opostos coincidem. Esta é verdadeira e autêntica doutrina heraclítica, mas não vejo, por ora, qualquer ponto de contacto dela com as dialécticas conhecidas.