Excerto da apresentação de Stephen MacKenna
As seis Enéadas – seis conjuntos de nove tratados – não constituem ou incluem uma proposição ou demonstração formal passo a passo da doutrina de Plotino. O sistema como um todo é assumido em cada um dos tratados individuais, que têm a forma de desenvolvimentos especiais ou demonstrações de pontos significantes, não capítulos em um trabalho de exposição em sequência.
Por conseguinte, na falta de um conhecimento das principais doutrinas, quase todos os tratados parecem incompreensíveis ou, pior ainda, serem radicalmente incompreendidos; a terminologia, bastante simples em si mesma, torna-se desanimadoramente misteriosa ou gravemente enganosa.
Uma apreensão equivocada pode ser causada, por se tomar uma ocorrência entre várias, por descuidadamente imputar sentidos ou sugestões, comumente carregados por estes mesmos termos na linguagem da filosofia moderna ou religião; por outro lado, em alguns pontos se tem a certeza de se perder as implicações ou conotações religiosas ou filosóficas, quando para o iniciado a frase de Plotino as carrega intensamente.
Assim não é fácil, sem conhecimento e prática do hábito, se estremecer com qualquer real arrebatamento sobre a noção de se tornar “totalmente identificado com o Princípio-Intelectual”; quando é compreendido e a cada momento profundamente realizado que “O Princípio-Intelectual” é a mais acessível “Pessoa” da Divindade, é o próprio Deus, é a Suprema Sabedoria imanente dentro da alma humana e ainda assim inefavelmente superior a todo o Universo, então talvez possamos sentir o grande apelo à devoção que tem tal recompensa.
Devemos, então, entender desde o início quais são as linhas da explanação plotiniana dos Céus e da Terra e do Ser-Humano se vamos obter de nosso autor, nosso mestre temporário, a profundidade do significado filosófico e o calor de seu fervor religioso.
Não é possível forçar o sistema plotiniano em um espaço confinado, sem maculá-lo; ser sumário é necessariamente ser impreciso: O que segue é meramente um esquema com a intenção de dar uma primeira orientação essencial, para indicar as grandes vias na trajetória principal e nomear os marcos determinantes: é a natural e necessária introdução à terminologia, nada mais.
LER TAMBÉM:
Armstrong: The Thought of Plotinus (I), (II), (III)