Se o Uno ficasse recolhido num solipsismo total, nada existiria . Sua dynamis deu origem a tudo. Dynamis não tem o sentido de receptividade da potência aristotélica, mas significa capacidade de produzir1, de criar2, sem sofrer diminuição3 nem evoluir para maior perfeição.
Dessarte, o Uno, realidade subsistente em si mesma, constitui a primeira hipóstase e é fonte de toda a determinação, ou seja, ele contém tudo eminenter ou potentialiter4, e não actualiter.
Ao invés de aporrein, que ocorre raramente nas Enéadas, Plotino emprega, com frequência, os verbos poiein, hyphistánai ou hoton gennân (cf. En. V, 2, 1, 7s). ↩
“(…) a natureza do Uno é tal que (…) não diminui (elassóein) nas coisas que dele nascem” (En. VI, 9, 5, 36-38). Por essa razão, não é aceitável a qualificação de panteísmo atribuída por Eduard ZELLER a Plotino (cf. Philosophie der Griechen, 3. ed. (Leipzig, 1892-), p. 507-509). ↩
“(… the One) is a seed holding ali things in potency” (ARMSTRONG, A. H., The Architecture of the intelligible Universe in the Philosophy of Plotinus (Amsterdam, 1967), p. 49). ↩