Excertos de Pierre Hadot, “Plotin ou la simplicité du regard”
Um dos discípulos de Plotino lhe demandou que aceitasse que se fizesse seu retrato. Ele recusou de pronto e não consentiu em posar. E explicou:
Não basta portar esta imagem que a natureza nos revestiu? Ainda é preciso permitir deixar para trás uma imagem desta imagem, mais durável ainda que a primeira, como se se tratasse de uma coisa digna de ser vista?
Perpetuar a imagem de um homem “qualquer”, representar um indivíduo, não é arte. A única coisa que merece prender chamar nossa atenção, e de ser fixada em uma obra imortal, só pode ser a beleza de uma forma ideal. Se se esculpe a figura de um homem, que aí se reúna tudo que se pode encontrar de belo. Se se faz a estátua de um deus, que se faça como Fídias, escultando seu Zeus:
Não tomou nenhum modelo sensível, mas o imaginou tal qual seria, se consentisse aparecer a nossos olhares. (Eneada-V, 8, 1)