Plotino – Tratado 1,5 (I,6,5) – Afetos ligados ao encontro do belo

Baracat

5. Devemos, portanto, inquirir os amantes a respeito do que não está na sensação: Que sentis ante às chamadas belas ocupações, aos belos modos, aos comportamentos temperantes e, de modo geral, às ações da virtude, às disposições e à beleza das almas? 1 Vós, vendo-vos belos em vossos interiores, que [310] experimentais? Como vos dionisais [anabakcheuesthai], e vos excitais, e desejais congregar-vos convosco, colhendo-vos de vossos corpos? Pois é isso que sentem os verdadeiros amantes! Que é isso, arredor ao qual eles experimentam essas afecções? Não é uma figura, nem uma cor 2, nem uma grandeza, mas algo na alma, ela que é incolor, e incolor é a temperança que ela possui, bem como qualquer outro brilho das virtudes, sempre que vides em vós ou vislumbrais em outrem a grandeza da alma, o comportamento justo, a temperança imaculada, a coragem detentora de face austera 3, a dignidade, o pudor que se difunde com disposição firme, tranquila e impassível, e o intelecto deiforme sobreluzindo sobre tudo isso. Então, venerando e amando essas coisas, como as denominamos belas? Elas existem e se manifestam, e quem as viu jamais diria que elas são algo outro senão o que realmente existe. Que são realmente? Belas! Mas a razão ainda deseja saber: que são elas para terem feito a alma ser amável? Que é isso que brilha como luz sobre todas as virtudes?

Desejas, então, tomando as coisas contrárias, as feias que surgem na alma, contrastá-las àquelas? Pois saber o que é e por que se manifesta o feio talvez nos ajude no que buscamos. Seja uma alma feia, licenciosa e injusta, infestada de [311] muitíssimas concupiscências, de muitíssimas perturbações, em terror por sua covardia, em inveja por sua ignobilidade, tudo em que pensa (se é que pensa) é perecível e abjeto, completamente corrompida, amiga de prazeres não puros 4, vivendo uma vida própria a quem toma como prazerosa a fealdade do que quer que experimente através do corpo. Não diremos nós que essa mesma fealdade lhe foi aditada como um mal 5 adventício, que não só a danificou, mas também a tomou impura e misturada a muito de mal 6, sem mais possuir vida nem percepção puras, mas que, vivendo uma vida frágil devido à mescla com o mal e estando por demais fundida à morte, sem mais ver o que uma alma deve ver e sem mais se permitir permanecer em si mesma 7 por ser sempre arrastada para o exterior e para o inferior e para o obscuro?

Sendo impura, creio, e levada a qualquer parte por sua atração por aquilo que incide na sensação, tendo muito do corpo misturado a si, entretida em demasia com o material e o abrigando em si, ela trocou sua forma por uma diferente através de sua fusão com o inferior: é como se alguém, imergindo em lama ou sujeira, não mais revelasse a beleza que possuía 8 e dele só se visse o que foi deslustrado pela lama ou sujeira; a este, pois, a feiúra proveio da adição do alheio, e sua tarefa, se há [312] de ser belo novamente, é limpar-se e purificar-se para que seja o que era antes. E falaríamos corretamente, se disséssemos que a alma é feia pela mescla, pela fusão e por sua inclinação para o corpo e para a matéria. E essa é a fealdade da alma, não estar pura nem imaculada, assim como a do ouro, mas estar contagiada por terra, que, uma vez retirada, resta o ouro, e ele é belo quando está isolado de tudo mais e permanece sozinho consigo. Do mesmo modo, a alma, quando isolada das concupiscências que adquire através do corpo, com quem se associa completamente, libertada das outras afecções e purificada daquilo que a tem estando incorporada, ao permanecer sozinha, ela depõe toda a feiura provinda da outra natureza.

Américo Sommerman

5. Então, temos de fazer a seguinte pergunta aos amorosos da beleza que está além dos sentidos: “O que sentis ante as belas condutas, os belos caracteres, os modos virtuosos e a beleza de alma? O que sentis quando vedes a vossa própria beleza interior? Que deleite, emoção e desejo de estarem convosco mesmos é esse que recolhendo-vos em vosso verdadeiro eu vos arrebata para fora do corpo? Pois é isso que experimentam os verdadeiros amorosos. Porém, o que os faz experimentar isso? Não é forma, cor ou dimensão alguma, mas a alma, que não tem cor, mas na qual fulge a sabedoria e os resplendores de todas as outras virtudes. Vós experimentais isso quando vendes em vós mesmos ou em outra pessoa a grandeza de alma, um caracter justo, a pureza de costumes, a coragem de uma face nobre, a dignidade – esse respeito por si mesmo que advém de uma alma calma, serena e impassível – e, brilhando sobre tudo isso, a luz da Inteligência, cuja essência é divina. Todas essa qualidades nobres devem ser reverenciadas e amadas, mas por que são chamadas belas? Porque realmente existem como belezas e quem quer que as veja afirma que elas tem uma existência real. Porém, o que significa a expressão “existência real”? Sem dúvida elas são belas, mas a razão também deseja saber por que fazem com que ao vê-las o amor inflame-se na alma. O que é essa graça, esse resplendor que emana de todas as virtudes? Talvez se considerarmos o seu contrário, a feiura da alma, perguntarmos o que ele é e como surge, possamos responder mais facilmente a questão anterior.

Imaginemos uma alma feia, dissoluta e injusta, plena de todas as concupiscências e desequilíbrios interiores, sempre temerosa devido à sua covardia invejosa devido à sua mesquinharia, que só pensa nas coisas perecíveis e baixas, é sempre perversa, deleita-se com os prazeres impuros, vive a vida das paixões corporais e tem prazer com a sua própria feiura. Só podemos dizer que essa feiura adveio a ela como um mal adquirido, que a suja, torna-a impura, a impregna com grandes males e com isso sua vida e suas sensações perdem sua pureza, de modo que ela leva uma vida obscurecida pela mistura com o mal, uma vida mesclada de morte. Não mais vê o que uma alma deve ver, não mais lhe é permitido permanecer em si mesma, pois é incessantemente atraída para a região exterior, inferior e obscura. Impura, arrastada para todos os lados pelas atrações dos objetos sensíveis, muito infectada pela natureza corporal, absorvendo muita matéria e acolhendo em si uma Forma (eidos) diferente da sua, troca a sua Forma essencial por uma natureza que lhe é estrangeira. É como um homem que mergulha no lodo: sua beleza deixa de ser visível, pois só o lodo passa a ser visível. A feiura adveio a ele pela adição de uma matéria estrangeira e se quer tornar a ser belo tem de se lavar e se limpar para tornar a ser o que era. Portanto, teríamos razão em dizer que a alma torna-se feia pela mistura com algo estrangeiro, por mergulhar no corpo e na matéria. A feiura para a alma é deixar de ser limpa e sem mistura, do mesmo modo que para o ouro é estar cheio de terra. Se a terra é retirada, permanece apenas o ouro: ele volta a ser belo quando é separado das outras matérias e permanece apenas em si mesmo. Do mesmo modo, quando a alma é purificada dos desejos que lhe advêm da relação muito estreita que tem com o corpo, é libertada de todas as paixões, purgada de tudo que adquiriu com a encarnação e permanecendo inteiramente só depõe toda a feiura que lhe vem de uma natureza diferente da sua.

Igal

5. Hemos de informarnos, pues, de los enamoradizos de las bellezas suprasensibles: «¿Qué experimentáis ante las llamadas ocupaciones bellas, los modos de ser bellos, los caracteres morigerados y, en general, las obras de virtud, las disposiciones y la belleza de las almas? ¿Qué experimentáis al veros a vosotros mismos bellos por dentro? Y ese frenesí, esa excitación, ese anhelo de estar con vosotros mismos recogidos en vosotros mismos aparte del cuerpo, ¿cómo se suscitan en vosotros?». Éstas son, en efecto, las emociones que experimentan los que son realmente enamoradizos. Pero el objeto de estas emociones ¿cuál es? No es una figura, no es un color, no es una magnitud, sino el alma, que «carece de color» ella misma y está en posesión de la morigeración sin color y del «esplendor» sin color de las demás virtudes, siempre que veáis en vosotros mismos u observéis en otro grandeza de alma, carácter justo, morigeración pura, hombradía de masculino rostro, gravedad y, bajo un revestimiento de pudor, un temple intrépido, bonancible e impasible y, resplandeciendo sobre todo esto, la divinal inteligencia. Pues bien, aun profesando admiración y afecto por estas cosas, ¿por qué las llamamos bellas? Es verdad que éstas son, y está a la vista que son y no hay cuidado de que quien las vea las llame de otro modo sino las cosas que realmente son. Pero que realmente son ¿qué? Bellas. Con todo, la razón echa de menos todavía una explicación: ¿qué son para haber hecho al alma deseable? ¿Qué es esa especie de luz que brilla en todas las virtudes? ¿Quieres, entonces, imaginar las cualidades contrarias, las cosas feas que se originan en el alma, y contraponerlas a aquéllas? La aparición del qué y del porqué de lo feo, es fácil que contribuya al objeto de nuestra investigación. Supongamos, pues, un alma fea, intemperante e injusta, plagada de apetitos sin cuento, inundada de turbación, sumida en el temor por cobardía y en la envidia por mezquindad, no pensando — cuando piensa — más que pensamientos de mortalidad y de bajeza, tortuosa de arriba abajo, amiga de placeres no puros, viviendo una vida propia de quien toma por placentera la fealdad de cuanto experimenta a través del cuerpo. ¿No diremos que esta misma fealdad se le ha agregado al alma como un mal adventicio que, tras estragarla, la ha dejado impura y «amalgamada» con mal en abundancia y sin gozar ya de una vida y de una percepción límpidas, sino viviendo una vida enturbiada por la mezcla de mal y fusionada con muerte en gran cantidad, sin ver ya lo que debe ver un alma y sin que se le permita ya quedarse en sí misma debido a que es arrastrada constantemente hacia lo de fuera, hacia lo de abajo y hacia lo tenebroso? Y porque no está limpia, porque es llevada al retortero atraída por los objetos que inciden en la sensación y porque es mucho lo corporal que lleva entremezclado y mucho lo material con que se junta y que ha asimilado, por eso, creo, cambió su forma por otra distinta a causa de su fusión con lo inferior. Es como si uno se metiese en el barro o en el cieno: ya no pondría de manifiesto la belleza que tenía; lo que se vería es esa capa pegada que tomó del barro o del cieno. A ése, pues, la fealdad le sobrevino por añadidura de lo ajeno; y si quiere volver a ser bello, su tarea consistirá en lavarse y limpiarse y ser así lo que era.

Si dijéramos, pues, que el alma es fea por causa de una mezcla, de una fusión y de su inclinación al cuerpo y a la materia, hablaríamos correctamente. Y en esto consiste la fealdad del alma, como la del oro: en no estar pura ni acendrada, sino inficionada de lo terreo. Expurgado esto, queda el oro, y el oro es bello si se aisla de las demás cosas y se queda a solas consigo mismo. Pues del mismo modo también el alma, una vez aislada de los apetitos que tiene a través del cuerpo porque trataba con él en demasía, desembarazada de las demás pasiones y purificada de lo que tiene por haberse corporalizado, una vez que quedó a solas, depone toda la fealdad, que trae su origen de la otra naturaleza.

Bréhier

5. Il faut donc vous demander aussi ce qu’est l’œuvre de l’amour pour les choses non sensibles. Que vous font éprouver ces «belles occupations» dont on parle, les beaux caractères, les moeurs tempérantes et, en général, les actes ou dispositions vertueuses et la beauté de l’âme ? Et, en voyant vous-même votre beauté intérieure, qu’éprouvez-vous ? Que sont cette ivresse, cette émotion, ce désir d’être avec vous-même en vous recueillant en vous-même et hors du corps ? Car c’est ce qu’éprouvent les vrais amoureux. Et à propos de quoi l’éprouvent-ils ? Non pas à propos d’une forme, d’une couleur, d’une grandeur, mais à propos de l’âme qui est sans couleur et où brille invisiblement l’écart de la tempérance et des autres vertus ; vous l’éprouvez en voyant en vous-même ou en contemplant en autrui la grandeur d’âme, un caractère juste, la pureté des mœurs, le courage sur un visage ferme, la gravité, ce respect de soi-même qui se répand dans une âme calme, sereine et impassible et, par-dessus tout, l’éclat de l’Intelligence qui est d’essence divine. Donc ayant pour toutes choses inclination et amour, en quel sens les disons-nous belles ? Car elles le sont manifestement et quiconque les voit affirmera qu’elles sont les vraies réalités. Mais que sont ces réalités ? Belles sans doutes ; mais la raison désire encore savoir ce qu’elles sont pour rendre l’âme aimable. Qu’est-ce donc qu brille sur toutes les vertus comme une lumière ? Veut-on, en s’attachant à leurs contraires, aux laideurs de l’âme, les poser par opposition ? Car il serait peut-être utile à l’objet de notre recherche de savoir ce qu’est la laideur et pourquoi elle se manifeste. Soit donc une âme laide, intempérante et injuste ; elle est pleine de nombreux désirs et du plus grand trouble, craintive par lâcheté, envieuse par mesquinerie ; elle pense bien, mais elle ne pense qu’à des objets mortels et bas ; toujours oblique, inclinée aux plaisirs impurs, vivant de la vie des passions corporelles, elle trouve son plaisir dans la laideur. Ne dirons-nous pas que cette laideur elle-même est survenue en elle comme un mal acquis, qui la souille, la rend impure et y mélange de grand maux ? De sorte que sa vie et ses sensations ont perdu leur pureté ; elle mène une vie obscurcie par le mélange du mal, une vie mélangée en partie de mort ; elle ne voit plus ce qu’une âme doit voir ; il ne lui est plus permis de rester en elle-même, parce qu’elle est obscure. Impure, emportée de tous côtés par l’attrait des objets sensibles, contenant beaucoup d’éléments corporels mêlés en elle, ayant en elle beaucoup de matière et accueillant une forme différente d’elle, elle se modifie par ce mélange avec l’intérieur ; c’est comme si un homme plongé dans la boue d’un bourbier ne montrait plus la beauté qu’il possédait, et si l’on ne voyant de lui que la boue dont il enduit ; la laideur est survenue en lui par l’addition d’un élément étranger, et s’il doit redevenir beau, c’est un travail pour lui de se laver et de se nettoyer pour être ce qu’il était. Nous aurons donc raison de dire que la laideur de l’âme vient de ce mélange, de cette fusion, et de cette inclination vers le corps et vers la matière. La laideur, pour l’âme, c’est de n’être ni propre ni pure, de même que pour l’or, c’est d’être plein de terre : si on enlève cette terre, l’or reste ; et il est beau quand on l’isole des autres matières et qu’il est seul avec lui-même. De la même manière, l’âme isolée des désirs qui lui viennent du corps, avec qui elle a une union trop étroite, affranchie des autres passions, purifiée de ce qu’elle contient quand elle est matérialisée, et restant toute seule, dépose toute la laideur qui lui vient d’une nature différente d’elle.

Guthrie

THE CAUSE OF THESE EMOTIONS IS THE INVISIBLE SOUL.

5. Let us now propound a question about experiences to these men who feel love for incorporeal beauties. What do you feel in presence of the noble occupations, the good morals, the habits of temperance, and in general of virtuous acts and sentiments, and of all that constitutes the beauty of souls? What do you feel when you contemplate your inner beauty? What is the source of your ecstasies, or your enthusiasms? Whence come your desires to unite yourselves to your real selves, and to refresh yourselves by retirement from your bodies? Such indeed are the experiences of those who love genuinely. What then is the object which causes these, your emotions ? It is neither a figure, nor a color, nor any size; it is that (colorless) invisible soul, which possesses a wisdom equally in visible; this soul in which may be seen shining the splendor of all the virtues, when one discovers in one self, or contemplates in others, the greatness of character, the justice of the heart, the pure temperance, the imposing countenance of valor, dignity and modesty, proceeding alone firmly, calmly, and imperturbably; and above all, intelligence, resembling the divinity, by its brilliant light. What is the reason that we declare these objects to be beautiful, when we are transported with admiration and love for them? They exist, they manifest themselves, and whoever beholds them will never be able to restrain himself from confessing them to be veritable beings. Now what are these genuine beings? They are beautiful.

LOVE OF BEAUTY EXPLAINED BY AVERSION FOR OPPOSITE.

But reason is not yet satisfied; reason wonders why these veritable beings give the soul which experiences them the property of exciting love, from which proceeds this halo of light which, so to speak, crowns all virtues. Consider the things contrary to these beautiful objects, and with them compare what may be ugly in the soul. If we can discover of what ugliness consists, and what is its cause, we shall have achieved an important element of the solution we are seeking. Let us picture to ourselves an ugly soul; she will be given up to intemperance; and be unjust, abandoned to a host of passions, troubled, full of fears caused by her cowardliness, and of envy by her degradation; she will be longing only for vile and perishable things; she will be entirely depraved, will love nothing but impure wishes, will have no life but the sensual, and will take pleasure in her turpitude. Would we not explain such a state by saying that under the very mask of beauty turpitude had invaded this soul, brutalized her, soiled her with all kinds of vices, rendering her incapable of a pure life, and pure sentiments, and had reduced her to an existence obscure, infected with evil, poisoned by lethal germs; that it had hindered her from contemplating anything she should, forcing her to remain solitary, because it misled her out from herself towards inferior and gloomy regions ? The soul fallen into this state of impurity, seized with an irresistible inclination towards the things of sense, absorbed by her intercourse with the body, sunk into matter, and having even received it within herself, has changed form by her ad mixture with an inferior nature. Not otherwise would be a man fallen into slimy mud, who no longer would present to view his primitive beauty, and would exhibit only the appearance of the mud that had defiled him; his ugliness would be derived from something foreign ; and to recover his pristine beauty he would have to wash off his defilement, and by purification be restored to what he once was.

UGLINESS IS ONLY A FOREIGN ACCRETION.

We have the right to say that the soul becomes ugly by mingling with the body, confusing herself with it, by inclining herself towards it. For a soul, ugliness consists in being impure, no longer unmingled, like gold tarnished by particles of earth. As soon as this dross is removed, and nothing but gold remains, then again it is beautiful, because separated from every foreign body, and is restored to its unique nature. Likewise the soul, released from the passions begotten by her intercourse with the body when she yields herself too much to it, delivered from exterior impressions, purified from the blemishes contracted from her alliance with the body that is, reduced to herself, she lays aside that ugliness which is derived from a nature foreign to her.

MacKenna

5. These Lovers, then, lovers of the beauty outside of sense, must be made to declare themselves.

What do you feel in presence of the grace you discern in actions, in manners, in sound morality, in all the works and fruits of virtue, in the beauty of souls? When you see that you yourselves are beautiful within, what do you feel? What is this Dionysiac exultation that thrills through your being, this straining upwards of all your Soul, this longing to break away from the body and live sunken within the veritable self?

These are no other than the emotions of Souls under the spell of love.

But what is it that awakens all this passion? No shape, no colour, no grandeur of mass: all is for a Soul, something whose beauty rests upon no colour, for the moral wisdom the Soul enshrines and all the other hueless splendour of the virtues. It is that you find in yourself, or admire in another, loftiness of spirit; righteousness of life; disciplined purity; courage of the majestic face; gravity; modesty that goes fearless and tranquil and passionless; and, shining down upon all, the light of god-like Intellection.

All these noble qualities are to be reverenced and loved, no doubt, but what entitles them to be called beautiful?

They exist: they manifest themselves to us: anyone that sees them must admit that they have reality of Being; and is not Real-Being, really beautiful?

But we have not yet shown by what property in them they have wrought the Soul to loveliness: what is this grace, this splendour as of Light, resting upon all the virtues?

Let us take the contrary, the ugliness of the Soul, and set that against its beauty: to understand, at once, what this ugliness is and how it comes to appear in the Soul will certainly open our way before us.

Let us then suppose an ugly Soul, dissolute, unrighteous: teeming with all the lusts; torn by internal discord; beset by the fears of its cowardice and the envies of its pettiness; thinking, in the little thought it has, only of the perish able and the base; perverse in all its the friend of unclean pleasures; living the life of abandonment to bodily sensation and delighting in its deformity.

What must we think but that all this shame is something that has gathered about the Soul, some foreign bane outraging it, soiling it, so that, encumbered with all manner of turpitude, it has no longer a clean activity or a clean sensation, but commands only a life smouldering dully under the crust of evil; that, sunk in manifold death, it no longer sees what a Soul should see, may no longer rest in its own being, dragged ever as it is towards the outer, the lower, the dark?

An unclean thing, I dare to say; flickering hither and thither at the call of objects of sense, deeply infected with the taint of body, occupied always in Matter, and absorbing Matter into itself; in its commerce with the Ignoble it has trafficked away for an alien nature its own essential Idea.

If a man has been immersed in filth or daubed with mud his native comeliness disappears and all that is seen is the foul stuff besmearing him: his ugly condition is due to alien matter that has encrusted him, and if he is to win back his grace it must be his business to scour and purify himself and make himself what he was.

So, we may justly say, a Soul becomes ugly- by something foisted upon it, by sinking itself into the alien, by a fall, a descent into body, into Matter. The dishonour of the Soul is in its ceasing to be clean and apart. Gold is degraded when it is mixed with earthy particles; if these be worked out, the gold is left and is beautiful, isolated from all that is foreign, gold with gold alone. And so the Soul; let it be but cleared of the desires that come by its too intimate converse with the body, emancipated from all the passions, purged of all that embodiment has thrust upon it, withdrawn, a solitary, to itself again- in that moment the ugliness that came only from the alien is stripped away.

Taylor

V. But it may be allowable to interrogate those who rise above sense, concerning the effects of love in this manner; of such we enquire, what do you suffer respecting fair studies, and beautiful manners, virtuous works, affections, and habits, and the beauty of souls? What do you experience on perceiving yourselves lovely within? After what manner are you roused as it were to a Bacchanalian fury; striving to converse with yourselves, and collecting yourself separate from the impediments of body? For thus are true lovers enraptured. But what is the cause of these wonderful effects? It is neither figure, nor colour, nor magnitude; but soul herself, fair through temperance, and not with the false gloss of colour, and bright with the splendours of virtue herself. And this you experience as often as you turn your eye inwards; or contemplate the amplitude of another soul: the just manners, the pure temperance; fortitude venerable by her noble countenance; and modesty and honesty walking with an intrepid step, and a tranquil and steady aspect; and, what crowns the beauty of them all, constantly receiving the irradiations of a divine intellect.

In what respect then, shall we call these beautiful? For they are such as they appear, nor did ever any one behold them, and not pronounce them realities. But as yet reason desires to know how they cause the loveliness of the soul; and what that grace is in every virtue which beams forth to view like light? Are you then willing we should assume the contrary part, and consider what in the soul appears deformed? for, perhaps it will facilitate our search, if we can thus find what is base in the soul, and from whence it derives its original.

Let us suppose a soul deformed, to be one intemperate and unjust, filled with a multitude of desires, a prey to foolish hopes, and vexed with idle fears; through its diminutive and avaricious nature the subject of envy; employed solely in thought of what is mortal and low; bound in the fetters of impure delights; living the life, whatever it may be, peculiar to the passion of body; and so totally merged in sensuality as to esteem the base pleasant, and the deformed beautiful and fair. But may we not say, that this baseness approaches the soul as an adventitious evil, under the pretext of adventitious beauty; which, with great detriment, renders it impure, and pollutes it with much depravity; so that it neither possesses true life, nor true sense, but is endued with a slender life through its mixture of evil, and this worn out by the continual depredations of death: no longer perceiving the objects of mental vision, nor permitted any more to dwell with itself, because ever hurried away to things obscure, external and low? Hence, becoming impure, and being on all sides snatched in the unceasing whirl of sensible forms, it is covered with corporeal stains, and wholly given to matter, contracts deeply its nature, loses all its original splendour, and almost changes its own species into that of another: just as the pristine beauty of the most lovely form would be destroyed by its total immersion in mire and clay. But the deformity of the first arises from inward filth, of its own contracting; of the second, from the accession of some foreign nature. If such a one then desires to recover his former beauty, it is necessary to cleanse the infected pans, and thus by a thorough purgation to refine his original form. Hence, then, if we assert that the soul, by her mixture, confusion and commerce with body and matter, becomes thus base, our assertion will, I think, be right. For the baseness of the soul consists in not being pure and sincere. And as the gold is deformed by the adherence of earthly clods, which are no sooner removed than on a sudden the gold shines forth with its native purity; and then becomes beautiful when separated from natures foreign from its own, and when it is content with its own purity for the possession of beauty: so the soul, when separated from the sordid desires engendered by its too great immersion in body; and liberated from the dominion of every perturbation, can thus and thus only, blot out the base stains imbibed from its union with body; and thus becoming alone, will doubtless expel all the turpitude contracted from a nature so opposite to its own.

  1. Cf. Platão, Fedro 279 b 9.[]
  2. Platão, Fedro 247 c 6.[]
  3. Cf. Homero, Ilíada VII, 212.[]
  4. Cf. Platão, Górgias 525 a.[]
  5. Adoto aqui a sugestão de Rinck, que substitui kalón (“belo”) por kakón (“mal”); a alma é bela e pura por natureza e o mal não lhe diz respeito senão acidentalmente: kalón, nesta passagem, não faz sentido algum.[]
  6. Platão, Fédon 66 b 5.[]
  7. Cf. Platão, Fédon 79 c.[]
  8. Cf. Heráclito, fr. 5, e Platão, Fédon 110 a 5-6.[]