Plotino – Tratado 19,7 (I, 2, 7) — Implicação mútua das virtudes.

tradução

7. As virtudes na Alma decorrem em uma sequência correspondente àquela existente no supra-mundo, que está entre seus exemplares no Princípio-Intelectual.

No Supremo, Intelecção constitui Conhecimento e Sabedoria; auto-concentração é Sophrosyne; Seu Ato próprio é Sua Obrigação; Sua Imaterialidade, pela Ela permanece inviolada dentro de Si mesma é o equivalente de Fortitude.

Na Alma, a direção da visão em direção ao Princípio-Intelectual é Sabedoria e Prudência, as virtudes da alma não apropriadas ao Supremo onde Pensador e Pensamento são idênticos. Todas outras virtudes têm correspondências similares.

E se o termo da purificação é a produção de um ser puro, então a purificação da Alma deve produzir todas as virtudes; se qualquer está faltando, então nenhuma delas é perfeita.

E possuir as maiores é potencialmente possuir as menores, embora as menores não necessitem portar as maiores com elas.

Assim indicamos a nota dominante na vida do Sábio; mas se sua possessão das virtudes menores for atual assim como potencial, se mesmo as maiores estão em Ato nele ou dão lugar a qualidades ainda mais elevadas, deve ser decidido de novo em cada um dos vários casos.

Tomemos, por exemplo, a Sabedoria-Contemplativa. Se outros guias de conduta devem ser apelados para atender uma dada necessidade, pode esta virtude sustentar sua posição mesmo em mera potencialidade?

E o que acontece quando as virtudes em sua própria natureza diferem em escopo e província? Onde, por exemplo, Sophrosyne permitiria certos atos ou emoções sob devida restrição e outra virtude os cortaria de pronto? E não está claro que tudo deve ceder, uma vez que a Sabedoria-Contemplativa entra em ação?

A solução está na compreensão das virtudes e do que cada um deve aportar: assim o homem aprenderá a trabalhar com isto ou aquilo conforme as diversas necessidades demandam. E conforme alcance princípios mais sutis e outros padrões, estes por sua vez definirão sua conduta: por exemplo, a Restrição em sua forma mais incipiente não mais o satisfará; ele trabalhará para o Desapego final; ele viverá, não mais, a vida humana do homem bom —tal com a Virtude Cívica recomenda — mas, deixando isto sob ele, assumirá ao invés outra vida, aquela dos Deuses.

Pois é para os Deuses, não para o Bem, que nossa Semelhança deve olhar: modelar-se sobre homens bons é produzir uma imagem de uma imagem: temos que fixar nosso olhar acima da imagem e alcançar a Semelhança ao Supremo Exemplar.

MacKenna

7. The virtues in the Soul run in a sequence correspondent to that existing in the over-world, that is among their exemplars in the Intellectual-Principle.

In the Supreme, Intellection constitutes Knowledge and Wisdom; self-concentration is Sophrosyne; Its proper Act is Its Dutifulness; Its Immateriality, by which It remains inviolate within Itself is the equivalent of Fortitude.

In the Soul, the direction of vision towards the Intellectual-Principle is Wisdom and Prudence, soul-virtues not appropriate to the Supreme where Thinker and Thought are identical. All the other virtues have similar correspondences.

And if the term of purification is the production of a pure being, then the purification of the Soul must produce all the virtues; if any are lacking, then not one of them is perfect.

And to possess the greater is potentially to possess the minor, though the minor need not carry the greater with them.

Thus we have indicated the dominant note in the life of the Sage; but whether his possession of the minor virtues be actual as well as potential, whether even the greater are in Act in him or yield to qualities higher still, must be decided afresh in each several case.

Take, for example, Contemplative-Wisdom. If other guides of conduct must be called in to meet a given need, can this virtue hold its ground even in mere potentiality?

And what happens when the virtues in their very nature differ in scope and province? Where, for example, Sophrosyne would allow certain acts or emotions under due restraint and another virtue would cut them off altogether? And is it not clear that all may have to yield, once Contemplative-Wisdom comes into action?

The solution is in understanding the virtues and what each has to give: thus the man will learn to work with this or that as every several need demands. And as he reaches to loftier principles and other standards these in turn will define his conduct: for example, Restraint in its earlier form will no longer satisfy him; he will work for the final Disengagement; he will live, no longer, the human life of the good man – such as Civic Virtue commends – but, leaving this beneath him, will take up instead another life, that of the Gods.

For it is to the Gods, not to the Good, that our Likeness must look: to model ourselves upon good men is to produce an image of an image: we have to fix our gaze above the image and attain Likeness to the Supreme Exemplar.