Plotino – Tratado 39,3 (VI, 8, 3) — A verdadeira liberdade situa-se no intelecto

tradução

3. Eis porque é preciso examinar estas questões. Pois em as tratando já nos aproximamos de um discurso sobre os deuses [theon]. Em resumo, atribuímos o que depende de nós à vontade [boulesis], e situada esta última na razão [logos], depois na razão reta [logo ortho]; e talvez seja necessário adicionar ao qualificativo «reta» que a razão pertence à ciência [episteme]: pois se alguém formou uma opinião [doxa] reta e agiu [praxis] em consequência, não se pode afirmar sem hesitação que possua a livre disposição de si [autexousion], se não sabia porque sua opinião era reta e se é por azar [tyche] ou por uma representação [phantasia] qualquer que foi levado a fazer o que devia. De fato, se se sustenta que a representação não depende de nós, aqueles que agem sob sua influência, como elevar ao nível daqueles que dispõem livremente deles mesmos? A representação da qual falamos é aquela que se designa assim no sentido estrito, quer dizer a representação que é desperta pelas afecções [pathe] do corpo [soma]. A falta de alimento e de bebida modela uma certa maneira das representações, como o faz também o estado oposto, a repleção, e a abundância de semente [sperma] suscita representações diferentes: assim as representações variam segundo cada qualidade dos humores do corpo. Aqueles que agem sob a influência de tais representações, não os elevaremos ao nível do princípio que a livre disposição de si. Para a mesma razão, acordaremos aos maus que agem frequentemente sob a influência destas representações nem a capacidade de realizar coisas que deles dependem nem a ação completada voluntariamente, mas em revanche, atribuiremos a livre disposição de si ao indivíduo que, devido aos atos do intelecto [noûs], é livre das afecções de seu corpo. Em fazendo remontar o que depende de nós ao mais belo dos princípios, o ato do intelecto, concordaremos que as premissas que dele decorrem são realmente livres e que os desejos [orexis] despertados pelo ato de pensamento não são involuntários, e afirmaremos que a livre disposição de si está presente nos deuses que vivem desta maneira (quer dizer guiados pelo intelecto e o desejo que se conforma ao intelecto).

Igal

Y por eso es preciso estudiar estos problemas, porque [3] con ellos nos acercamos ya a la cuestión relativa a los dioses. Pues, bien, hemos referido el albedrío a la voluntad; luego hemos colocado esta en la razón y después en la razón recta. Y tal vez hay que añadir a la calificación «recta» el factor «ciencia», porque posiblemente no porque uno piense [5] y obre rectamente goza de autodominio indiscutible, si no sabe por qué piensa y obra rectamente, sino que es la suerte o alguna imaginación quien lo guía a donde es debido. Porque como negamos que la imaginación esté sujeta a nuestro arbitrio, por eso a quienes actúan de conformidad con ella ¿cómo vamos a situarlos a nivel de autodominio? Nos referimos, [10] en todo caso, a la que se podría llamar imaginación propiamente dicha, la que se suscita por las afecciones del cuerpo. Porque unas son las imaginaciones que se forja quien está ayuno de comida y bebida, y otras quien está ahíto; unas cosas se imagina quien está repleto de semen, y otras [15] otros, cada cual según la cualidad de los humores de su cuerpo. A quienes actúan, pués, guiándose de tales imaginaciones no los situaremos a nivel de autodominio.

Y por eso, a los mediocres, que generalmente obran de acuerdo con ellas, no les concederemos ni el albedrío ni la voluntariedad. Reservaremos el autodominio para el que, gracias a las actividades de la inteligencia, está libre de las afecciones del cuerpo, refiriéndose al albedrío a un principió [20] nobilísimo cual es la actividad de la inteligencia. Admitiremos que son realmente libres las premisas derivadas de aquélla; concederemos que los deseos provocados por la actividad intelectiva no son involuntarios y afirmaremos que tales deseos se dan en los dioses que viven de ese modo (o [25] sea, en cuantos viven guiados por la inteligencia y por el deseo conforme a la inteligencia).

Guthrie

LIBERTY REFERRED TO THE ACTION OF INTELLIGENCE.

3. The question must be examined carefully, for it will later be applied to the divinities. Responsibility has been traced to the will, and this to reason first, and later to right reason. Better, to reason enlightened by knowledge; for freedom of will is not possessed incontestably if one be ignorant of why his decision or action is good, if one have been led to do the right thing by chance, or by some sensible representation. Since the latter is not within our power, we could not impute to free will the actions it inspired. By “sensible representation,” or, “phantasy,” we mean the imagination excited within us by the passions of the body; for it offers us different images according as the body has need of food, of drink, or of sensual pleasures. Those who act according to the “sensible representations” excited within them by divers qualities of the humors of the body are not wholly responsible for their actions. That is why depraved men, who usually act according to these images, do not, according to us, perform actions that are free and voluntary. We ascribe free will only to him who, enfranchised from the passions of the body, performs actions determined solely by intelligence. We refer liberty, therefore, to the noblest principle, to the action of the intelligence; we regard as free only the decisions whose principle it is, and as voluntary, only the desires it inspires. This freedom is that which we ascribe to the divinities, who live in conformity with Intelligence, and with the Desire of which it is the principle.

MacKenna

3. All this calls for examination; the enquiry must bring us close to the solution as regards the gods.

We have traced self-disposal to will, will to reasoning and, next step, to right reasoning; perhaps to right reasoning we must add knowledge, for however sound opinion and act may be they do not yield true freedom when the adoption of the right course is the result of hazard or of some presentment from the fancy with no knowledge of the foundations of that rightness.

Taking it that the presentment of fancy is not a matter of our will and choice, how can we think those acting at its dictation to be free agents? Fancy strictly, in our use, takes it rise from conditions of the body; lack of food and drink sets up presentments, and so does the meeting of these needs; similarly with seminal abundance and other humours of the body. We refuse to range under the principle of freedom those whose conduct is directed by such fancy: the baser sort, therefore, mainly so guided, cannot be credited with self-disposal or voluntary act. Self-disposal, to us, belongs to those who, through the activities of the Intellectual-Principle, live above the states of the body. The spring of freedom is the activity of Intellectual-Principle, the highest in our being; the proposals emanating thence are freedom; such desires as are formed in the exercise of the Intellectual act cannot be classed as involuntary; the gods, therefore, that live in this state, living by Intellectual-Principle and by desire conformed to it, possess freedom.