Poema de Parmênides – Fragmento 6

EUDORO DE SOUSA

6. «Eis o que se deve dizer e pensar: o ‘que é’. Pois o ‘que é’, é, e não-ser não é. Considera bem isto que eu te digo. Que deste caminho de inquirição (i. é: pensar o não-ser) te apartes; mas, depois, também daquele por onde erram os ignorantes mortais — os bicéfalos. Porque a inépcia é que governa, em seus peitos, o errante pensamento. E assim vão e vêm, surdos e cegos, embrutecidos, turbas de julgamento destituídas, para as quais, ser e não-ser, o mesmo é e não é, supondo que para tudo haja uma reversa via.»


BARBARA CASSIN

Eis o que é necessário dizer e pensar: é em sendo pois é ser.
Mas nada não é; é assim que te levo a te exprimir,
pois é em primeiro desta vida de investigação-aí que te afasto.
E em seguida, é daquela onde erram sem nada saber os mortais
de duas cabeças; a ausência de meios faz correr
logo diante em seu peito seu pensamento errante; eles se deixam portar
tão mudos quanto cegos, desconcertados, raças que não distingue,
para quem o existir e não ser é estimado mesmo
e não mesmo. Seu caminho a todos remete a si.


PETER KINGSLEY

O que existe para dizer e para pensar deve ser.
Pois existe para ele ser; mas nada não existe.
Pondere isto!
Este é o primeiro caminho de investigação que te contenho.
Mas então te contenho assim também daquele que mortais fabricam, cabeças-duplas, nada sabendo.
Pois a inépcia em seus peitos é o que os dirige suas mentes vagabundas a medida que são carregados em confusão, surdez e cegueira ao mesmo tempo: multidões indistintas e indistinguíveis que reconhecem que ser e não-ser são o mesmo mas não o mesmo. E, para todos eles, o caminho que seguem é um caminho que se mantém dando voltas em si mesmo.

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