Poesia (poiêsis, poiêtikê ou, ocasionalmente, mousikê)
Encontra-se uma definição de “poesia” e poeta em Banq. 205b-c: “Tu sabes que poesia é algo de múltiplo. Pois toda causa de qualquer coisa passar do não-ser ao ser é poesia. Por isso, os produtos de todas as artes têm como base a poesia, e os mestres (dêmiourgoi) são todos poetas…. Sabes, porém, que eles não são chamados poetas, mas têm outras denominações, e que da totalidade da poesia apenas uma parte é destacada, aquela que se refere à música (mousikê) e à métrica, e com o nome do todo ela é denominada. Mas é apenas isso que se chama poesia, e os que possuem essa parte da poesia são chamados poetas”. A tradução atesta a insuficiência da capacidade de reprodução do jogo de palavras com o termo poiêsis que Diotima realiza aqui: em geral, poiêsis significa “produção” ou “criação”, mas no sentido mais restrito significa poesia, o trato criativo com as palavras segundo regras e medidas (metra) artísticas. Para as discussões de Platão sobre questões de poesia, essa passagem do Banquete é bastante útil como ponto de partida e como diretriz terminológica, pois, de um lado, essa definição está totalmente a serviço da teoria do arrebatamento com que Diotima pretende caracterizar a vida filosófica (sua introdução como mulher de Mantineia evoca intencionalmente mantis, o(s) vidente(s) em êxtase) e que é contrastada com o arrebatamento poético (ver adiante II), com que se insinua “a antiga dissidência entre a filosofia e poesia” (Rep. 607b) e que também já faz despontar no horizonte a censura desconcertantemente severa de Platão à arte poética (ver adiante III). De outro lado, abre-se no pano de fundo da seleção de palavras por Diotima o tema do fazer demiúrgico (ver demiurgo), em cujo contexto Platão também lida mais uma vez com a poesia (ver abaixo IV). (SCHÄFER)
POÎÉSIS (production) (grec)
subs. fém.
Substantif, formé à partir du verbe poiein, qui signifie fabriquer, produire. Traduction usuelle : production. Si la désignation du « faire » comme production est courante dans les textes présocratiques, le terme poiesis est rare. Platon parle de la poiesis comme d’une espèce dont la désignation a usurpé celle du genre (Banquet 205 b-c) : l’espèce poétique est en effet liée à la fabrication au point que la poésie en apparaît, déjà chez Platon, comme l’exercice principal ou typique (Rép. X 603 b 8). Platon l’identifie à une technique d’imitation (mimésis, voir ce terme). L’artisan est démiurge et poète, l’artiste est à proprement parler seulement poète (Rép. X 595 c). Chez Aristote, l’art poétique (tékhnê poietike) est un art autonome, distinct de la science théorique et pratique. Aristote définit la poétique comme un art d’imitation, possédant plusieurs espèces (Poét. I 1447 al). Le traité aristotélicien est inachevé, et la partie conservée accorde la priorité à l’art de la tragédie. L’esthétique de la période hellénistique a conservé cette restriction de la poiesis aux arts poétiques. (G. Leroux) (NP)