ESTRANGEIRO — Muito bem; examinemos esses reis e sacerdotes eleitos, com seus servidores, e além deles, um grupo novo e grande de pessoas que agora se manifesta, uma vez afastados os demais rivais.
SÓCRATES, O JOVEM — A que te referes?
ESTRANGEIRO — Certamente a pessoas estranhas.
SÓCRATES, O JOVEM — Quem são elas?
ESTRANGEIRO — Uma raça de tribos numerosas, ao que parece à primeira vista. São homens que em grande número se parecem a leões, centauros e outros monstros dessa espécie e que, em maior número ainda, se assemelham a sátiros e outros animais fracos, mas astuciosos, que rapidamente trocam entre si as aparências exteriores e propriedades. Realmente, Sócrates, parece-me que sabes agora quem são estes homens.
SÓCRATES, O JOVEM — Explica-te: tens o ar de quem descobriu algo estranho.
ESTRANGEIRO — Sim, pois o que há de estranho resulta de nossa ignorância. Foi, com efeito, o que aconteceu a mim mesmo, há pouco; eu não ousava crer que repentinamente tinha diante de mim, reunidas, as pessoas que se agitam em torno à administração pública.
SÓCRATES, O JOVEM — De quem se trata?
ESTRANGEIRO — Do mais mágico de todos os sofistas, o mais consumado nesta arte, difícil de distinguir dos verdadeiros políticos e do verdadeiro homem real; mas que, entretanto, é preciso distinguir, se quisermos bem compreender o que procuramos.
SÓCRATES, O JOVEM — Sim, e é preciso não esmorecer.