prónoia: premeditação, providência
prónoia: premeditação, providência. Nas duas obras mais longas do mestre inconteste de Plotino, onde um lugar central é dado à organização da cidade terrestre, assim como enfatizando o mito como pedagogia, Platão esperava, para a boa administração de nossas cidades, menos da prudência humana que da providência divina. (Maurice de Gandillac)
1. A história mais recuada do conceito de providência pode ver-se na emergência, desde Diógenes a Aristóteles, de uma noção de finalidade (telos) inteligente que opera no universo. Em todos estes pensadores está nitidamente associado com o Deus inteligente cujas características começam a aparecer na fase final de Platão (ver Leis 899 onde a negação de pronoia é tida por blasfêmia) e em Aristóteles. Para os estoicos o Logos imanente governa tudo por meio do noas e da pronoia (D. L. VII, 138; SVF I, 176). Recebe de Crisipo um desvio no sentido do antropocentrismo (ver Porfírio, De abstinentia III, 20) onde o resto do kosmos está sujeito ao bem do homem. A pronoia estoica, identificada como era com a physis, era essencialmente imanente.
2. O platonismo tardio, como a tradição semítica recém-aparecida, era transcendente e acreditava numa série de divindades intermédias (ver dairnon), donde resultou a pronoia começar a ser distribuída por toda a série de divindades (Plutarco, De fato 572f-237b; Apuleio, De Platone I, 12). Quando o princípio supremo se torna mais remoto, o seu envolvimento direto com a pronoia torna-se notavelmente menor. Assim em Fílon, De fuga 101, o Logos exerce providência através das dynameis imanentes, tal como em Plotino (Enéadas IV, 8, 2) a Alma do Mundo tem uma providência geral e as almas individuais uma providência particular para os corpos que habitam; o Uno, evidentemente, está para além da providência (Enéadas VI, 8, 17). Implícita nesta distinção entre providência geral e particular, i. e., entre a ordem e a execução, está a reconciliação da transcendência necessária de Deus com a imanência necessária da atividade providencial; confrontar Proclo, Elem. theol., prop. 122.
Para os problemas decorrentes da existência do mal num sistema providencial, ver kakon; sobre a pronoia sem contato, sympatheia; sobre o conhecimento que Deus tem dos particulares, noeton 4. (Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters)
prónoia (he) / pronoia: providência. Latim: Providentia.
Primeiro sentido: previdência, previsão. Depois, essa palavra ganha o sentido de Providência divina, que prevê nossas ações e lhes dá socorro.
Essa palavra é composta pelo radical no, encontrado na palavra noûs ( = no-os): espírito; e pela preposição pró: diante, adiante, que se encontra em outras palavras de origem grega: problema, pródromo, prolegômenos, profeta. Em Sócrates, nos estoicos e em Plotino, a Divindade, estando além do tempo, conhece de antemão nossos pensamentos e nossas ações.
Sócrates tratava de loucos aqueles que negam a ação da Providência nos acontecimentos (Xenofonte, Memorabilia, I, I, 9); em seguida, desenvolve esse tema para mostrar como os deuses ordenaram a natureza para que ela provesse às nossas necessidades (ibid., IV, 3-17).Três capítulos das Leituras de Epicteto (I, VI, XVI; III, XVII) são dedicados à Providência; em outro lugar, ele afirma que a primeira coisa que um filósofo deve saber é que existe um Deus que exerce sua Providência sobre o universo (II, XIV, 11). Por sua vez, Plotino se esforça por demonstrar, em dois tratados (III, II e III), contra a doutrina do acaso, prezada pelos epicuristas, que existem uma Providência universal e uma providência singular para cada um de nós. O próprio Sexto Empírico afirma a certeza de uma Providência divina (Hipot., III, III, 2). Alexandre de Afrodísia, em seu tratado Do destino (XVIII), defende a Providência dos deuses. (Gobry)