Eudoro de Sousa respondendo a interlocutor sobre sua “leitura” de Parmênides afirma:
…uma inclinação, que sempre foi minha, para mais relevar o que aproxima, do que chamar a atenção, com repicar de sinos ou bramidos de trompas, para o que separa e opõe os filósofos que leio e medito. Talvez seja este, outro aspecto da «originalidade» que V. me atribui, porque, voltando ao final da sua longa pergunta, é possível que tal inclinação «implique refazer (não diria ‘ao contrário’) o caminho trilhado pela exegese tradicional e pelos historiadores do pensamento». Com efeito, nesta perspectiva, haveria que escrever outra história da filosofia, e, certamente, ela seria escrita por quem tivesse a coragem, a audácia e o vigor argumentativo (que, sinceramente, não julgo ter) de, por exemplo, aproximar mais o Espinosa da Ética, dos pré-socráticos, do que os filósofos que imediatamente lhe sucedem, e não desdenhar, por não muito justificado respeito à rotina ou à tradição, de certos pensadores malditos, do Renascimento e do Romantismo, e de seus epígonos de todos os tempos. Na verdade, a filosofia também tem seus marginalizados; e desejo calorosamente que algum dia eles se vinguem, ou que os vinguem quem melhor conseguir descodificar os seus escritos.