Sabedoria (sophia)
No período pré-platônico: o significado de “capacidade para alguma coisa”, “perícia”, “habilidade” estava na base dos empregos pré-platônicos de sophia. O sophos é perito numa determinada disciplina. Essa competência especial repousa num saber seguro, num vínculo entre inteligência e habilidade prática. Nisto, a sophia podia designar destrezas técnicas como a carpintaria (Homero, Ilíada 15, 412), mas também artes intelectuais como a música (Homero, Hino a Hermes 483) ou a medicina (Píndaro, Odepítica 3, 54). Por fim, sem nenhuma referência a áreas específicas, podia também significar o conhecimento de máximas, que, no sentido da sabedoria de vida, formam critérios para a conduta ética, por exemplo nos provérbios dos Sete Sábios. Mas a sabedoria também podia ter conotação negativa, quando significava uma confiança demasiado grande do indivíduo em seu saber e seu avanço para um âmbito (divino) que não lhe competia (Eurípides, Bacantes 395 s.). A sophia foi introduzida no caminho para o termo filosófico no pré-socratismo e na sofistica, quando com ela pôde-se denotar, entre outras coisas, especialmente a atividade própria (Protágoras, DK 80 A 32a), um conhecimento contemplativo, que deixava para trás o âmbito terreno-humano, ou um modo de vida moralmente autárquico, livre de convenções (Demócrito, DK 68 A 166). [SCHÄFER]