Sísifo

Fora dos dois interlocutores, Sócrates e Sísifo, que se desconhece quem seja, dois outros personagens são mencionados, também desconhecidos. Onde se situa a conversa? Não longe de Farsale, uma cidade no caminho de Larissa na Tessália, pois Sísifo aí deliberava na véspera com seus concidadãos. Tal é a princípio o tema do diálogo: a deliberação em comum.

Sísifo esxplica que não pode ouvir Estratonice, na véspera, porque participava com seus concidadãos de uma deliberação em Farsale; isto permite a Sócrates de lançar a discussão. A deliberação em comum não seria senão uma improvisação, conjectura, adivinhação? Sísifo replica que deliberar é investigar o que é preciso fazer, em conhecendo somente uma parte da questão, mas não o resto. Logo, prossegue Sócrates, deliberar é buscar o que não se sabe. Mas então porque buscar buscar o que não se sabe, em lugar de ir se informar junto a um especialista? Admitamos que a deliberação é outra coisa que a adivinhação; como se poderia distinguir entre bons e maus conselheiros? Se é verdade que a deliberação trata do que é preciso fazer, trata sobre o que vai se produzir e não sobre o que é. Mas como buscar o que não é? A distinção entre bons e maus conselheiros logo não se dá. O assunto exige que ainda se reflita.

O autor deste escrito conhece bem a obra de Platão. Mas apesar da algumas semelhanças com o Menon, não se pode associá-lo a nenhum diálogo. O Sísifo apresenta os mesmo erros que Sobre o justo e Sobre a virtude: um estilo terno, uma argumentação monótona. Pode-se imaginar uma exercício escolástico de retórica bastante antigo, pois Diógenes Laércio o considera como inautêntico. (Brisson, PLATON, OEUVRES COMPLÈTES)


Estrutura dada por Léon Robin à versão francesa da obra completa de Platão: PLATON : OEUVRES COMPLÈTES, TOME 2

  • Prólogo
  • A deliberação é um ato inconcebível
  • A deliberação não tem valor prático; pois trata do futuro, cujo
    conhecimento não nos pertence
  • Epílogo