Sobre o justo

Sem que se saiba qual o lugar e as circunstâncias da discussão, Sócrates põe ao interlocutor anônimo a questão que constitui o tema do diálogo: “Pode me dizer o que é o justo?” Depois de ter definido o método a seguir — é preciso descobrir o caráter comum que permite qualificar de “justas” todas as nossas ações —, Sócrates coloca breves questões que podem ser reagrupadas sob dois temas: 1) O que serve para distinguir o justo do injusto? Trata-se do discurso, da palavra. 2) Então, em que consistem o justo e o injusto? Sócrates começa por fazer admitir a seu interlocutor que ninguém é injusto de bom grado. Mas como os mesmos atos podem ser qualificados ora de “justos” e ora de “injustos, convém prosseguir a discussão. Um ato é justo se é cometido quando deve e no bom momento, e injusto em caso contrário. Em seguida, se é verdade que ninguém é injusto de bom grado, segue-se que é graças ao saber que permite determinar quando se deve agir e em que momento se é justo, e por ignorância disto, que se é injusto.

O diálogo não é mencionado por Diógenes Laércio na lista das obras de Platão, e é impossível explicar porque se encontra em certos manuscritos como um texto atribuído a Platão. Por conseguinte, estes diferentes manuscritos não se entendem sobre os interlocutores: para uns, é Sócrates e um anônimo, para outros Sócrates e um discípulo e para outros ainda Sócrates e Clínias. Não se conseguiu ainda avançar hipóteses sobre autoria e data de composição, que trata de temas desenvolvidos no Górgias, na República, no Político e nas Leis. (Brisson, PLATON, OEUVRES COMPLÈTES)


Estrutura dada por Léon Robin à versão francesa da obra completa de Platão: PLATON : OEUVRES COMPLÈTES, TOME 2

  • Prólogo
  • O instrumento e o procedimento da discriminação
  • A natureza do objeto a discriminar
  • Saber ou não saber, fundamento do valor moral do ato