O mundo, de que falam as Musas, mostra, em todos os sentidos, o sentido de Zeus, que se revela como uma unidade complexa com suas quatro fases e quatro zonas, constituídas por quatro diversas linhagens divinas, cujos seres são bem e sabiamente definidos por Zeus mediante quatro combates.
O mundo como devir dos Deuses em grego se diz Theogonía. O título formal Teogonia, para este poema de Hesíodo, cristalizou-se ao longo dos séculos da História da cultura grega certamente porque neste poema cosmogônico para os gregos realizou-se à perfeição esta forma mítica de pensar o mundo denominada “teogonia”.
O sagrado ser dos Imortais sempre vivos é aparentemente o fenômeno do mundo. As noções de ser e de devir não se dissociam, nem se perde uma da outra, mas são pensadas em sua unidade de sentido dita pelos verbos gígnesthai e eínai na Teogonia de Hesíodo, na qual a palavra génos significa, em sua unidade de sentido: origem, gênero, ser e devir.
Para este modo de pensar e como fundamento dele, o sentido de Zeus (Diòs nóos) mostra-se nos cantos que as Musas cantam no Olimpo para o júbilo de Zeus pai – nos versos de Hesíodo intitulados Teogonia – nos acontecimentos com que se discerniram os âmbitos dos Deuses imortais e também, dos Deuses imortais, os homens mortais. Dado que esses acontecimentos envolvem os que são sempre vivos – aièn eóntes -, o discrímen mostrado pelo mito de Zeus figura em acontecimentos presentes, passados e futuros. Nesta presença onitemporal é que a Teogonia mostra – como o sentido de Zeus aos ouvidos de Zeus – quatro fases e quatro zonas constituídas por quatro diversas linhagens divinas cujos seres são bem e sabiamente definidos por Zeus mediante quatro combates.