No seu aspecto histórico, os mitos podem assumir a figura do herói à procura de riqueza, de glória ou de santidade. Os atores podem mudar, os papéis permanecem, pois sabemos que na existência as situações não vão além de um pequeno número de temas possíveis.
De qualquer forma, a lógica dos mitos é dominada por uma mentalidade arcaica que persiste na atitude e na consciência dos “civilizados”, felizes ao poderem projetar suas esperanças ou suas paixões na pessoa de um herói, seja ele Creso, Alexandre ou Buda. Se o herói de todo mito é permutável, o mito impõe sempre sua exemplaridade muitas vezes velada pelo romanesco.
Nesse imenso desdobramento de triunfos e de catástrofes nenhum destino esgotará um tema mítico na sua totalidade, o que podemos constatar reduzindo alguns mitos célebres à sua significação de origem.
A psicologia pode aparentemente substituir-se a um ritual de iniciação. Sentimentos pessoais parecem muitas vezes substituir a razão superior de um mito baseado na pesquisa de uma espiritualidade primitiva. Os motivos podem variar, a intriga essencial permanece, ainda que o mito pareça manter os heróis num estado indeterminado. [Benoist]