Plotino – Tratado 19,2 (I, 2, 2) — Teoria da dupla assimilação

nossa tradução

versão Brisson & Pradeau + Armstrong

2. Em primeiro lugar, portanto, devemos considerar as virtudes pelas quais nos tornamos, digamos, semelhantes ao deus, a fim de descobrir o elemento comum que para nós é a virtude, sendo apenas uma imitação, mas que não é virtude, sendo por assim dizer o arquétipo, não sem ter mostrado que a assimilação pode ser entendida de duas maneiras. Exige-se, com efeito, que [5] se encontre o mesmo nos termos que se tornaram todos semelhantes em condições iguais, a partir do mesmo modelo. Mas nos casos em que um dos dois termos se tornou semelhante ao outro, que é primeiro e que não é intercambiável com aquele e não se diz semelhante a ele, então devemos entender a assimilação de outro modo, que exige não a mesma forma, mas [10] uma forma diferente nos dois termos, se é verdade que a assimilação foi feita de outra maneira.

O que, então, pode ser a virtude tomada em seu conjunto e cada virtude em particular? Nosso propósito ficará mais claro se considerarmos cada virtude em particular; pois é assim que o elemento comum, segundo o qual todos são virtudes, também será facilmente evidenciado. Assim, as virtudes cívicas, que mencionamos acima, realmente ordenam [15] e nos tornam melhores porque impõem limites e medidas aos desejos e paixões em geral; suprimem falsas opiniões por meio do que em geral é melhor, limitado, e que, por ser medido, não conta mais entre as coisas que são sem medida e sem limite. As virtudes cívicas, embora sejam elas próprias limitadas, são como medidas na matéria que é a alma, fizeram-se semelhantes à medida de lá-no-Alto e [20] possuem o traço de excelência de lá-do-Alto. Aquilo que é totalmente desmedido é a matéria, e assim totalmente nada semelhante: mas na medida em que participa da forma, torna-se semelhante ao Bem, que não tem forma. As coisas que estão perto participam mais. A alma está mais próxima e mais parecida com ela do que o corpo; por isso participa mais, a ponto de nos enganar a imaginar que é um deus, e que toda a divindade está compreendida nessa semelhança. É assim que se fazem os possuidores de virtude cívica.

versão MacKenna

2. Primeiro, então, examinemos aquelas boas qualidades pelas quais sustentamos que a Semelhança se dá, e busquemos estabelecer o que é esta coisa a qual, como a possuímos, em transcrição, é virtude mas como o Supremo a possui, é a na natureza de um exemplar ou arquétipo e não é virtude.

Devemos distinguir dois modos de Semelhança.

semelhança demandando uma natureza idêntica nos objetos que, além do mais, devem retirar sua semelhança de um princípio comum: e há o caso no qual B se assemelha a A, mas A é um Primal, não concernido sobre B e não afirmado assemelhar-se a B. Neste segundo caso, a semelhança é compreendida em sentido distinto: não mais buscamos pela identidade de natureza, mas, ao contrário, pela divergência posto que a semelhança advém pelo modo da diferença.

O que, então, precisamente é Virtude, coletivamente e em particular? O método mais claro será começar com o particular, pois assim o elemento comum pelo qual todas as formas mantêm o nome geral prontamente aparecerão.

As Virtudes Cívicas, que tratamos acima, são um princípio ou ordem e beleza em nós enquanto permanecemos passando nossa vida aqui: elas nos enobrecem pela fixação de limites e medidas a nossos desejos e à nossa inteira sensibilidade, e desencantar o falso juízo — e isto pela simples eficácia do melhor, pela fixação de limites, pelo fato que o comedido é elevado acima da esfera do desmesurado e ilegal.

E, além disto, estas Virtudes Cívicas — comedidas e ordenadas elas mesmas e agindo como um princípio de medida para a Alma que é uma Matéria para sua formação — são como a medida reinando no supramundo, e carregam um traço do Mais Alto Bem no Supremo; pois, enquanto a suprema desmesura é a Matéria bruta e integralmente fora da Semelhança, qualquer participação na Forma-Ideal produz certo grau correspondente de Semelhança no Ser-Aí sem forma. A participação se dá por proximidade: a Alma mais próxima ao corpo, portanto mais próxima por afinidade, participa mais integralmente e demonstra uma presença divina, quase nos enganando na ilusão que na Alma vemos Deus inteiro.

Este é o caminho no qual homens das Virtudes Cívicas alcançam a Semelhança.

Bouillet

Guthrie

MacKenna

Taylor

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