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- MacKenna
nossa tradução
da versão de MacKenna
3. Chegamos agora àquele outro modo de Semelhança o qual, lemos, é o fruto de virtudes sutis: discutindo isto devemos penetrar mais profundamente na essência da Virtude Cívica e ser capaz de definir a natureza da espécie mais alta cuja existência devemos estabelecer além de qualquer dúvida.
Para Platão, indiscutivelmente, há duas ordens distintas de virtude, e a cívica não é suficiente para a Semelhança: “Semelhança a Deus”, diz ele, “é uma fuga dos caminhos e coisas do mundo”: lidando com qualidades de boa cidadania ele não usa o simples termo Virtude mas adiciona a distinta palavra cívica: e além do mais declara todas as virtudes sem exceção serem purificações.
Mas em que sentido podemos chamar as virtudes purificações, e como a purificação leva à Semelhança?
Como a Alma é má por estar fusionada com o corpo, e por vira a compartilhar os estados do corpo e pensar os pensamentos do corpo, assim ela seria boa, seria possuída de virtude, se se livrasse dos humores do corpo e se devotasse a seu próprio Ato — o estado de Intelecção e Sabedoria — nunca permitisse as paixões do corpo afetá-la — a virtude de Sophrosyne — sem que temesse destacar-se do corpo — a virtude de Fortitude — e se a razão e o Princípio-Intelectual reinasse — em cujo estado está a Retidão. Tal disposição na Alma, se torna assim intelectiva e imune à paixão, não seria errado chamar Semelhança a Deus; pois o Divino, também, é puro e o Ato-Divino é tal que a Semelhança a ele é Sabedoria.
Mas isto não faria da virtude um estado do Divino também?
Não: o Divino não tem estados; o estado está na Alma. O Ato de Intelecção na Alma não é o mesmo que no Divino: das coisas no Supremo, a Alma apreende algo segundo um modo próprio, algo em absoluto.
Então de novo, a única palavra Intelecção cobre dois Atos distintos?
Ou melhor, há uma Intelecção primal e há a Intelecção derivando do Primal e de outro escopo.
Assim como a fala é o eco do pensamento na Alma, assim também o pensamento na Alma é um eco de algures: quer dizer, assim como o pensamento expresso é uma imagem do pensamento-da-alma, assim também o pensamento-da-alma imagina um pensamento acima dele mesmo e é o intérprete da esfera superior.
A Virtude, da mesma maneira, é uma coisa da Alma: não pertence ao Princípio-Intelectual ou à Transcendência.