Tratado 21 (IV, 1) – Como se diz que a alma é intermediária entre a realidade indivisí­vel…

Tradução a partir da versão de MacKenna

Quarta Enéada
Primeiro Tratado.
Da essência da alma (1).

1. No Cosmos Intelectual habita a Essência Autêntica, com o Princípio-Intelectual (Mente Divina) como o mais nobre de seu conteúdo, mas contendo também almas, uma vez que toda alma nesta esfera mais baixa veio de lá: ou seja do mundo de espíritos incorpóreos enquanto a nosso mundo pertencem aquelas que entraram em um corpo e se submeteram a divisão corporal.

Lá o Princípio-Intelectual é um todo concentrado – nada dele distinguido ou dividido – e neste cosmos de unidade todas as almas estão concentradas também, sem nenhuma discriminação espacial.

Mas há uma diferença:

O Princípio-Intelectual é sempre repugnante a distinções e partições. A alma, lá sem distinção e partição, tem ainda uma natureza que tende a existência individual: sua divisão é secessão, entrada em um corpo.

Com vistas a este secionar e a consequente partição podemos legitimamente falar dela como uma coisa particionável.

Mas se deste modo, como ela ainda pode ser descrita como indivisível?

No sentido que a secessão não é da alma inteira; algo dela guarda seu fundamento, aquilo nela que se guarda da existência separada.

A entidade, portanto, descrita como “consistindo da alma indivisa e da alma dividida entre corpos”, contém uma alma que é ao mesmo tempo acima e abaixo, ligada ao Supremo e ainda alcançando abaixo esta esfera, como o raio de um centro.

Assim é que, entrando neste reino, ela possui ainda a visão inerente a esta fase superior em virtude da qual ela sem modificações mantém sua natureza integral. Mesmo aqui ela não é exclusivamente a alma particionável: ela ainda é, da mesma maneira, a indivisa: o que nela sofre partição é particionado sem divisibilidade; indivisa enquanto se dando ao corpo inteiro.