Sócrates – Então, Protarco, proclamarás a todos, por meio de mensageiros, ou de viva voz para os presentes, que o prazer não é o primeiro dos bens, nem mesmo o segundo, mas que o primeiro é a medida e o que for moderado e oportuno, e o mais a que possamos atribuir qualidades semelhantes concedidas pela natureza.
Protarco – É o que será lícito concluir do que dissemos antes.
Sócrates – O segundo bem é a proporção, o belo, o perfeito, o suficiente e tudo o que faz parte da mesma família.
Protarco – Pelo menos, assim parece.
Sócrates – E agora, sendo eu bom adivinho, se atribuíres o terceiro lugar à inteligência e à sabedoria, não te afastarás muito da verdade.
Protarco – Sem dúvida.
Sócrates – E no quarto lugar, não poremos o que declaramos só pertencer à alma; os conhecimentos, as artes e as chamadas opiniões verdadeiras? Por virem depois da terceira classe, formam a quarta, dado que sejam, realmente, mais afins ao bem do que o prazer.
Protarco – É possível.
Sócrates – A Quinta classe abrange os prazeres que definimos como isentos de dor e denominamos prazeres puros da própria alma, acompanhantes dos conhecimentos ou das sensações.
Protarco – É possível.
Sócrates – E agora, como diz Orfeu,
Arrematai vosso canto sublime na sexta linhagem.
Parece que nosso discurso também chega ao fim no sexto julgamento. Só nos resta coroar tudo o que expusemos até aqui.
Protarco – É como devemos proceder.