Enéada I,1,9 — A impecabilidade da alma e a responsabilidade do “Nós”

9. Aquela Alma, então, em nós, se manterá em sua natureza aparte de tudo que pode causar qualquer dos males que o homem faça ou sofra; pois todos tais males, como vimos, pertencem somente ao Animado, à Parelha.

Mas há uma dificuldade em compreender como a Alma pode ir sem culpa se nossa mentação e raciocínio estão investidas nela: por toda esta espécie inferior de conhecimento é desilusão e é a causa de muito do que é mal.

Quando tivermos feito mal é porque fomos tornados piores por nosso lado mais baixo – pois um homem é muitos – por desejo ou raiva ou alguma imagem maléfica: o mal denominado raciocínio que se associa com o falso, na realidade fantasioso, não ficou para o juízo do Principio-do-Raciocínio: agimos ao apelo do menos valioso, assim como a respeito da esfera-dos-sentidos algumas vezes vemos falsamente porque creditamos somente a percepção inferior, aquela da Parelha, sem aplicar os testes da Faculdade-de-Raciocínio.

O Principio-Intelectual se manteve superior ao ato e assim é sem culpa; ou, como podemos afirmar, tudo depende se nós mesmos nos pusemos ou não a nós mesmos em contato com o Reino-Intelectual seja no Principio-Intelectual ou dentro de nós mesmos; pois é possível de pronto possuir e não usar.

Assim destacamos o que pertence à Parelha daquilo que se mantém por si mesmo: um grupo tem o caráter de corpo e nunca existe aparte do corpo, enquanto tudo que não necessita o corpo para sua manifestação pertence peculiarmente à Alma: e a Compreensão, como que fazendo juízo das Impressões-de-Sentidos, está no ponto da visão das Formas-Ideais, as vendo como tal com uma sensação de resposta (i.e., com consciência) esta última a qualquer nível conforme à Compreensão na Alma Verdadeira. Pois Compreensão, a verdadeira, é o Ato das Intelecções: em muitas de suas manifestações é a assimilação e reconciliação do exterior ao interior.

Assim apesar de tudo. a Alma está em paz com ela mesma e dentro dela mesma: todas as modificações e tumultos que experimentamos são o resultado daquilo que está subjugado à Alma, e são, como dissemos, os estados e experiencias desta ardilosa Parelha.