Enéada III, 8 – Sobre a contemplação

Plotin Traités 30-37. Dir. Trad. Luc Brisson e Jean-François Pradeau. GF-Flammarion, 2006

O objeto do tratado é a demonstração da tese segundo a qual tudo contempla. A demonstração desta tese demanda ao mesmo tempo uma definição da contemplação e uma prova pelo exemplo: Plotino se atém portanto a mostrar como cada realidade, da última à primeira, exerce uma mesma atividade contempladora.

A prosopopeia da natureza, tão chocante possa ser, não poderia fazer do tratado um tratado «sobre a natureza». O texto não apresenta a «física» plotiniana, assim como não trata inteiramente da natureza. Inscreve, no entanto, esta em um exame contínuo que, partindo da manifestação psíquica última, a mais «descida» na topologia da doutrina plotiniana, remonta até o princípio primeiro. A alma descida, ou mais exatamente a faculdade mais descida da Alma do Mundo, sua faculdade vegetativa, eis o que Plotino denomina «natureza» (physis), como já explicou em tratados anteriores.

Plano detalhado do tratado.

Capítulo 1, 1-18: Tese: todas as coisas aspiram à contemplação

Capítulo 1, 18 ao Capítulo 4: A natureza contempla
Cap. 1,18-2,19 A natureza permanece imutável
Cap. 2,19-fim A natureza, que é uma forma e uma razão, produz.
Cap. 3 A natureza produz porque ela contempla
Cap. 4 A natureza em repouso
-Cap. 4,1-14 A prosopopeia da natureza
-Cap. 4,14-fim A contemplação fraca da natureza

Capítulos 5-6: A alma por inteiro contempla
Cap. 5,1-17 A parte superior da alma contempla
Cap. 5,17-cap. 6 Todas as atividades da alma são contemplações

Capítulo 7: Todas as realidades verdadeiras contemplam e são contemplações

Capítulo 8-11: O Intelecto contempla o Uno.
Cap. 8 O Intelecto é a primeira contemplação viva, desdobrada desde o Uno
Cap. 9,1-39 Como o Intelecto contempla
Cap. 9,39-cap. 10 O Uno é princípio e poder de todas as coisas
Cap. 11 O Intelecto deseja e alcança o Bem