epithymía: desejo
A desiderativa (epithymetikon) é uma das três «partes da alma na República IV, 434d-441c de Platão (uma distinção que Aristóteles acha pouco satisfatória (De anima 432a-b), mas que é pouco sustentada por Plotino, Enéadas I, 1, 5 e 6). É perecível e, segundo o Timeu 70d-e, está localizada abaixo do diafragma. Aristóteles faz da epithymia nada mais do que uma das três operações da faculdade desiderativa (ver orexis) da alma dotada de sentidos (De anima 414b). O objeto da epithymia é o agradável (ibid.). Epicuro divide os desejos em naturais e necessários, naturais mas não necessários, e nem uma coisa nem outra (D. L. X, 127; Cícero, Tusc. V, 33, 93). Para os estoicos a epithymia é uma das quatro principais afecções (com dor, prazer e medo) (SVF I, 211); e tal como o medo é uma fuga do mal antecipado, o desejo é um apetite para um bem antecipado (SVF III, 391); ver também hedone. (Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters)
epithymía (he) / epithymia: desejo. Latim: concupiscentia. Faculdade irracional da alma.
Mesmo radical de thymós: coração, apetite, mas situado um nível abaixo, habitualmente arrolado com as paixões (páthe).
Platão atribui-lhe o mais baixo dos poderes da alma, com sede no ventre, presidindo a vida vegetativa (Rep., IX, 584e); é regida pela virtude da temperança: sophrosyne / sophrosyne (ibid., 591c-d). v. areté. Cada um de nossos desejos cobiça seu objeto específico (ibid., IV, 437e). O homem tirânico é o homem do desejo (epithymetikós / epithymetikos), que não sabe governar suas paixões e exerce no Estado um governo desastroso (Rep., IX, 571a-580c). Aristóteles põe o desejo entre as paixões em Ética a Nicômaco (II,V, 1) e em Ética eudemeia (II, 11,4).
Entre os estoicos, é uma das quatro paixões cardeais (Cícero, Tusc, IV, 21; Diógenes Laércio,VII, 113-114) e diversifica-se em sete paixões: insaciabilidade (spánis / spanis), ódio (misos), amor (éros / eros), agressividade (philoneikía / philoneikia), cólera (orgé / orge), arrebatamento (thymós / thymos), ressentimento (mênis / menis). Plotino trata do assunto na IV Untada (IV, 20-21, 28). (Gobry)
A parte ou aspecto desejante da alma, o apetite, está sediada entre o diafragma e o umbigo, como um animal selvagem a sua mangedoura, assim explicando a existência, a estrutura e o papel do figado. e do baço, assim como o aparelho digestivo e os intestinos.
A parte da alma mortal qualificada de epithymia e que nada busca senão nutrição e sexo, não pode, de maneira alguma, compreender um discurso racional, que por natureza não está disposta, na medida que apresenta um máximo distanciamento em relação à parte imortal da alma humana, que é o intelecto.